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Pansophia

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Remédio Socrático – Platão

por Osvaldo Duarte

Na República de Platão, Sócrates prescreve a razão como remédio para suportar o revés nosso de cada dia, isto é, as adversidades que temos de enfrentar em nossa existência.
A lei diz que o que há de mais belo é conservar a calma o mais possível nas desgraças e não se indignar, uma vez que não se sabe qual é o mal e o bem que há em tais acontecimentos, nem se adianta nada, positivamente, em suportar com dificuldade; nem tudo o que é humano merece que se lhe dê tanta importância; e o que poderá acudir-nos o mais depressa possível é entravado pelo desgosto. À reflexão sobre o que nos aconteceu; e tal como se lançam os dados, assim devemos endireitar as nossas próprias posições, de acordo com o que saiu, pelo caminho que a razão escolher como melhor, e, se nos baterem, não devemos fazer como as crianças, que levam a mão ao lugar da pancada e perdem tempo a gritar, mas acostumar a alma a ser o mais rápida possível a curar e a endireitar o que caiu e adoeceu, eliminando as lamentações com remédios. A parte (da alma) que nos leva à recordação do sofrimento é a parte irracional, preguiçosa e propensa à cobardia.
Das três partes ou três elementos da Alma:
O elemento concupiscível constitui a maior parte da Alma e é, dada a sua própria natureza, ser mais insaciável de riquezas, companheiro de certas satisfações e desejos.
Quanto ao elemento irascível, é a parte irracional, pela qual ama, tem fome e sede e esvoaça em volta de outros desejos, deve ser súdito e aliado da razão no domínio do elemento concupiscível.
Ao elemento racional, sendo sábio, cabe o governar e velar pela alma toda, pois é a parte pela qual alma raciocina.
Em suma, compete ao elemento concupiscível, obedecer; ao irascível, assistir à razão; ao elemento racional, governar.
Créditos
PLATÃO. República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa, Gulbenkian, 2008.