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Pansophia

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Das classes sociais – Platão – 428/7 – 347/6

por Osvaldo Duarte

 

 

Para propor uma divisão de classes (parte da cidade) na sua República – Livro III, Platão recorre a uma nobre mentira da Fenícia:

 

“(...) na verdade, tinham sido moldados e criados no interior da terra, tanto eles, como as suas armas e o restante do equipamento; e que, depois de eles estarem completamente forjados, a terra, como sua mãe que era, os deu à luz, e que agora devem cuidar do lugar em que se encontram como de uma mãe e ama, e defendê-la, se alguém for contra ela, e considerar os outros cidadãos como irmãos, nascidos da terra.

 

No Estado harmonioso e pacífico, os cidadãos devem viver como irmãos e, cada classe tem o seu papel importante na manutenção dessa sociedade. Platão divide esta sociedade em três classes: Os que governam (os que mandam-Filósofos), os auxiliares (guerreiros), e os que produzem (lavradores, artífices).

 

“(...) mas o deus que vos modelou, àqueles dentre vós que era aptos para governar, misturou-lhes ouro na sua composição, motivo por que são mais preciosos; aos auxiliares, prata; ferro e bronze aos lavradores e demais artífices.”

 

Esta estrutura social não era rígida quanto à escolha dos cidadãos entre as classes, pois estavam todos unidos pelo grau de parentesco.

 

Prossegue Platão:

 

“Uma vez que sois todos parentes, na maior parte dos casos gerareis filhos semelhantes a vós, mas pode acontecer que do ouro nasça uma prole argêntea, e da prata, um áurea, e assim todos os restantes, uns dos outros. Por isso o deus recomenda aos chefes, em primeiro lugar acima de tudo, que aquilo em que devem ser melhores guardiões e exercer a mais aturada vigilância é sobre as crianças, sobre a mistura que entra na composição das suas almas, e, se a sua própria descendência tiver qualquer porção de bronze ou ferro, de modo algum compadeçam, mas lhe atribuam a honra que compete à sua conformação, atirando com eles para os artífices ou os lavradores, e se, por sua vez, nascer destes alguma criança com parte de ouro ou de prata, que lhe dêem as devidas honras, elevando-os aos guardiões, outros aos auxiliares ...”

 

ouro prata bronze

 

Os governantes deverão ter uma boa educação e não será permitido possuir bens próprios, a não ser coisas de primeira necessidade, sendo que ao possuírem dinheiro, terras e habitações serão administradores dos seus próprios bens e não cuidarão da cidade.   Esta classe deverá ser pura, não precisando nada de humano, pois já têm em sua alma ouro e prata.

 

 

Créditos:

PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993.                                                                                        

AMZALAK, M.B. Platão e a Economia da Cidade. Lisboa, 1950.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O governo de um só – Tomás de Aquino – 1224 - 1274 d.C

 

por Osvaldo Duarte

tomas de aquino

Com vistas à natureza, Tomás reforça a sua tese de que o governo de um só, isto é, o governo do príncipe, é preferível aos demais regimens de governo.

“O mais bem ordenado é o natural; pois, em cada coisa, opera a natureza melhor. E todo o regímen natural é de um só. Assim, na multidão dos membros, um é o que a todos move, isto é – o coração; e, nas partes da alma, preside uma faculdade principal, que é a razão. Têm as abelhas uma só rainha, e em todo o universo há um só Deus, criador e regedor de tudo.Tôda a multidão deriva de um só. Por onde, se as coisas de arte imitam as da natureza e tanto melhor é a obra de arte, quanto mais busca a semelhança da que é da natureza, importa seja o melhor, na multidão humana, o governar-se por um só”.

O nome tirano, segundo o doutor Angélico, é derivado de força, pois oprime pelo poder, ao invés de regrar pela justiça.

“Assim, porém, como é ótimo o regímen do rei, também é péssimo o governo do tirano”.

Do mau governo:

Tirania – governo de um só , regime injusto.

Oligarquia – principado de poucos que por terem riqueza, oprimem o povo, diferindo do tirano apenas em número.

Democracia – regime iníquo que se exerce por muitos; populacho oprime os ricos pelo poder da multidão, sendo então todo o povo como um só tirano.

Do bom governo:

Aristocracia – governo de poucos, mas virtuosos.

Em defesa do Rei:

Rei é o pastor que busca o bem comum e não o interesse próprio.

Créditos:

AQUINO. Tomás. Do Govêrno dos Príncipes. Trad. Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo, Editora Anchieta, 1946.