Drag and drop a picture here or Double click to open a picture

Pansophia

Pansophia

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O pensamento do filósofo Francesco Patrizzi

 

por Leandro Morena

 

clip_image001Francesco Patrizzi (1529- 1597) nasceu em Cherso. É considerado um filósofo renascentista neoplatônico, pois suas obras estão calcadas no pensamento platônico. No ano de 1576 começou ensinar filosofia platônica na cidade de Ferrara, e ficou nela até o ano de 1593, pois foi chamado em Roma para continuar com o ensino e a divulgação do platonismo, cidade essa que ficou até falecer.

Das principais obras de Patrizzi, destacam-se duas, a saber: Discussiones Peripateticae e a Philosophia Nova. A Discussiones Peripateticae trata-se de uma obra que vai contra o pensamento aristotélico, pois Patrizzi considera esse pensamento um inimigo da fé religiosa, pois para ele o aristotelismo vai negar omnipotência divina e o governo divino, esse pensamento é uma heresia para a ideologia do cristianismo.

                                             clip_image003

Patrizzi vai criticar fortemente os escolásticos, afirmando que estes não são verdadeiros filósofos pelo fato que apenas reformularam a filosofia aristotélica, sem preocuparem-se de conhecer as coisas tal como são; crítica essa que vai estender-se, principalmente, para o pensamento de Tomás de Aquino (1225-1274), pois este levou à tona o pensamento aristotélico. Em suma, Patrizzi vai empenhar-se para destruir a filosofia de Aristóteles. Na segunda obra Philosophia Nova, o filósofo vai focar o seu objetivo para a reconstrução de uma filosofia platônica que vai servir de alicerce à fé cristã. Ele vai trilhar o caminho a renovação e defesa do cristianismo através do retorno às doutrinas e crenças orientais: pitagóricas e platônicas. Dedicou essa obra ao Papa Gregório XIV (1535-1591) com o intuito do mesmo decretar que em todas as escolas cristãs fosse ensinada a sua filosofia. Ele pensava que com essa ação ocorreria uma transformação na sociedade e a volta dos protestantes na fé cristã. 

                        clip_image004

                A obra Philosophia Nova vai dividir-se em quatro partes:

1.       A panaugia ou doutrina da luz;

2.       A panarchia ou doutrina do primeiro princípio de todas as coisas;

3.       A panpsichia ou doutrina da alma, e;

4.       Pancosmia ou doutrina do mundo.

Segundo Abbagnano, Patrizzi vai afirmar como primeiro princípio o Uno, e este, por sua vez, é a causa primeira, absoluta e incondicionada e é qualificado como o bem. Do Uno distingue-se a unidade, que é gerada a partir dele, e a unidade os outros graus do ser até aos menos perfeitos: a sabedoria, a vida, o intelecto, a alma, a natureza, a qualidade, a forma e o corpo; esse conjunto destas nove ordens da realidade é que constitui o universo todo.   Para Patrizzi, o conhecimento humano é um ato de amor que tende voltar à unidade original, suprimindo a separação entre os elementos do ser, isto é, a união com o objeto cognoscível e incide no ato de amor pelo qual o homem tende para o objeto, buscando abolir a distância que o afasta deste último.  A pergunta é: como identificar o intelecto cognoscitivo com o objeto?  Isso só é possível com base numa identidade de natureza entre sujeito e objeto. Se o sujeito é alma e vida, consequentemente, o objeto também é alma e vida. O filósofo vai defender fortemente a animação universal das coisas, ou seja, o pampsiquismo que é o único princípio adequado a explicar a sua ligação no mundo, a atração que as conecta até formarem o todo e torná-las entráveis ao intelecto humano.   

                                      clip_image005

 

Créditos:

ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia vol. V, 2º Ed. Tradução: Nuno Valadas e Antônio Ramos Rosa. Editorial Presença, Lisboa, 1978.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A filosofia de Leucipo


por  Leandro Morena

clip_image002Leucipo foi um filósofo grego, pouco se sabe sobre a sua vida, pois não há referências do exato local do nascimento.  Provavelmente tenha vivido no século V a.C. e tenha nascido na cidade de Abdera, ou Eléia, ou Mileto. A existência de Leucipo foi colocada em dúvida, pois o próprio filósofo Epicuro (341 a.C. - 270 a.C.) afirma que nunca houve um filósofo com esse nome e alguns historiógrafos reafirmam isso; outros, por sua vez, afirmam que há evidências concretas de que o filósofo existiu. Para o filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), Leucipo foi o criador do atomismo, e o filósofo Demócrito (460 a.C.-370 a.C.) foi seu discípulo, este, por sua vez, detalhou a teoria do atomismo.  Raramente encontram-se escritos de Leucipo separado de Demócrito, pois nas referências que são feitas dele estão sempre juntas com o sucessor. Foi adepto da filosofia do grego Parmênides (530 a.C. - 460 a.C.), apesar de pensar diferente do mesmo, pois este considerava o universo como: uno,  inerte, não-gerado e limitado e não aceitavam que ocorresse  investigar a respeito do que não existe,  Leucipo, todavia,  afirmava que existe de elementos infinitos e em eterno movimento, como também uma interminável  quantidade de formas,  chegando a conclusão de que a geração e a mudança são incessantes entre as coisas que existem.
                               clip_image003

Segundo Barnes, Leucipo afirmava que o ser existe quanto ao não-ser e que ambos estão num mesmo patamar quando causadores das coisas que vem a ser.  Concluiu que a substância do átomo é dura e cheia e que esta era ser e conduzida pelo vazio, ao que nomeava não-ser e que existe de maneira idêntica ao ser.
Mondolfo brinda-nos com a passagem descrita por Aristóteles na obra Metafísica Livro I, sobre as diferenças entre átomos na concepção de Leucipo:
Do mesmo modo daqueles que crêem ser única a substância... subjacente,  e extraem todo o resto dos acidentes desta substância...assim também dizem que as causas de todas as coisas  são as diferenças (entre os átomos). E dizem que essas são três: a forma, a ordem e a posição: pois afirmam que o ser não se diferencia senão por proporção, contato e conversão: ora, a proporção é a forma, o contato é a ordem e a conversão é a posição.  Por tanto, A difere de N pela forma, AN da NA pela ordem, Z de N pela posição.
Tradução: Lívio Teixeira


Créditos:

MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento Antigo. Trad. Lívio Teixeira. Editora Mestre Jou, São Paulo, 1964.
SANTOS, José Trindade. Antes de Sócrates. Gradiva, Lisboa, 1992.
BARNES, Jonathan. Filósofos Pré-Socráticos. Trad. Julio Fischer. Ed. Martins Fontes, São Paulo

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Pensamento do filósofo Alcmeão


por Leandro Morena

clip_image001
Para o filósofo grego Alcmeão (Ἀλκμαίων) de Crotona tudo que é relacionado às coisas humanas estão interligados de tal maneira, vem em pares dos opostos. Embora tivesse um pensamento que se assemelha em muito à filosofia dos Pitagóricos, pelo qual estes afirmavam: que as coisas existem a um conjunto determinado de opostos, defendia que essa dicotomia, ao contrário do que pensavam os Pitagóricos, dava-se a uma junção que formava ao acaso,  como por exemplo, o  doce e amargo, bom e mau, grande e pequeno, preto e  branco.  
                                         clip_image002

                Seguindo essa ideia chegou à conclusão que esses opostos tinham uma aplicação médica, lembrando que os escritos dele referiam-se à medicina, veja o artigo nesse blog: Os órgãos dos sentidos segundo o filósofo Alcmeão. Segundo Barnes, o filósofo afirmava que através do igualitarismo entre as forças: frio e quente, seco úmido, doce e amargo entre outros, e que toda a autocracia entre eles suscita o aparecimento da enfermidade, ou seja, a autocracia de qualquer membro de um par é destrutiva. A enfermidade vai ocorrer por um exagero de frio ou calor, de um exagero ou deficiência alimentar e no sangue, na medula e no cérebro. Outro fator que a enfermidade ocorre será por causas externas, como por exemplo, algo que ocorreu num lugar e afetou o ar onde a pessoa encontra-se, algum problema que tem a água de determinado lugar, cansaço, uma força feita em excesso ou algum outro fator semelhante. Para ele a saúde é uma aglomeração extremamente harmonizada das propriedades.  

                                     clip_image003


Créditos:
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento Antigo. Trad. Lívio Teixeira. Editora Mestre Jou, São Paulo, 1964.
BARNES, Jonathan. Filósofos Pré-Socráticos. Trad. Julio Fischer. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2003.