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Pansophia

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Os órgãos dos sentidos segundo o filósofo Alcmeão


por Leandro Morena


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Alcmeão foi um filósofo grego natural de Crotona. Foi discípulo do filósofo Pitágoras (580-497 a.C.), sabe-se que ele viveu no séc. V a. C., porém não há registro preciso da data de nascimento ou morte. Foi médico e foi o primeiro que dissecou um cadáver humano para fins do entendimento fisiológico. Alcmeão dedicou-se na investigação das ciências naturais e desenvolveu a sua tese calcada no entendimento dos processos fisiológicos das sensações e a ligação deles com o cérebro. Segundo Barnes, Alcmeão explica que os órgãos dos sentidos funcionam da seguinte maneira:

Olfato: o nariz faz com que identifiquemos os aromas que são sentidos, simultaneamente, ao inspirá-los, por sua vez, conduz a respiração diretamente ao cérebro.
Paladar: já a língua tem a capacidade de distinguir sabores, pois, tem a facilidade em dissolver as coisas com seu calor, por serem brandas e cálidas, acolhendo e transmitindo-as por serem de textura solta e suave.
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Audição: provém da existência de um espaço vazio no interior dos ouvidos que gera ressonâncias, que por sua vez, faz com que a cavidade ecoa e o ar faz com que repercute numa resposta.
Visão: os olhos enxergam através do liquido que os abrange; flamejam quando fixam-se num determinado objeto.  A visão é concebida através da parte transparente e brilhante, quando esta produz reflexão, e quanto mais pura é, enxergam com maior nitidez.

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Alcmeão chega à conclusão de que todos os sentidos estão diretamente ligados ao cérebro, por isso se o cérebro sofrer qualquer tipo de alteração ou dano, automaticamente, afetará os órgãos dos sentidos. O curioso é que Alcmeão não explica como age o órgão do sentido tato.

Créditos:
BARNES, Jonathan. Filósofos Pré-Socráticos. Trad. Julio Fischer. Martins Fontes, São Paulo, 2003.
Foto 3:  http://megaarquivo.com/page/36/?iframe=true&width=900&height=450

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Crítica à vivissecção - Parte I

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por  Leandro Morena

Vivissecção é o termo que se emprega quando se disseca um animal, ainda vivo, para fins de estudos para o entendimento da fisiologia da espécie. A prática da vivissecção é feita desde a antiguidade. O filósofo grego Aristóteles (384–322 a.C.) foi um dos primeiros que realizou a prática da dissecação animal. O filósofo dissecava cadáver de animais, pois em sua época não existia um estudo específico sobre a fisiologia dos animais. Com o mecanicismo cartesiano cujo pensamento afirmava que os animais não passavam apenas de máquinas, fez com que a prática vivisseccionista se tornasse uma revolução cientifica. Mas ao longo do tempo a finalidade da vivissecção foi direcionada para o campo da experimentação animal, onde pesquisas e testes com animais são feitos para criar remédios, cosméticos e até armamentos potentes para o uso exclusivo do homem. Foi no séc. XIX que a prática da experimentação animal tornou-se um compromisso para as pesquisas dos cientistas. Um dos principais responsáveis por isso foi o médico fisiologista francês Claude Bernard (1813-1878) que criou a medicina experimental praticando vivissecção em cães.
Ainda hoje a vivissecção é praticada em algumas áreas, prática essa que vem sendo reduzida graças às organizações dos direitos dos animais, que estão alertando e divulgando para a população os testes e as pesquisas que estão sendo feitas nos laboratórios gerando o sofrimento de milhares de animais. A luta contra a vivissecção está se fortalecendo e ganhando cada vez mais adeptos, formando um conjunto de pessoas que, por sua vez, são porta-vozes dos animais, no qual o maior objetivo a ser alcançado é que essa prática seja banida de uma vez por todas do mundo contemporâneo e fique apenas relatada nos livros de história.

Os campos da experimentação animal são:

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 clip_image002Mas não foi só nos dias atuas que a crítica à vivissecção foi feita. Com o surgimento do mecanicismo cartesiano, alguns filósofos, durante a trajetória da história da filosofia pós Descartes, foram críticos árduos dessa prática. Um dos críticos foi o filósofo francês Voltaire (1694-1778) cujo nome verdadeiro é François Marie Arouet. Voltaire chama a atenção dos mecanicistas pelo fato de não conseguir entender como é que eles podem afirmar, com toda a convicção, a exclusão da dor e dos sentimentos nos animais? Voltaire dá exemplos de esperteza em animais e cita o cão que quando não encontra o seu dono fica aflito e inquieto, procurando-o por toda a parte, ou quando o cão vê o seu dono chegar, salta de alegria pedindo mimos.
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Voltaire revolta-se chamando os mecanicistas de criaturas bárbaras, pois agarram o cão, pregam-no numa mesa, dissecam-no vivo e observam-no gemendo por causa da dor; observam os órgãos internos do animal, órgãos estes que são muito semelhantes aos nossos. Voltaire completa o seu raciocínio afirmando: pra que a natureza criaria os animais com tais sentimentos e colocaria neles órgãos internos muito semelhantes aos dos seres humanos? Para que não sintam nada!
 
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Créditos:
GREIF, Sérgio e TRÉZ, Thales. A Verdadeira face da experimentação animal. Editora Fala Bicho, Rio de Janeiro, 2000;
SINGER, Peter. Libertação Animal. Trad. Marly Winckler. Editora Lugano, São Paulo, 2008;
VOLTAIRE. Dicionário Filosófico Voltaire. Trad. Líbero Rangel de Tarso. Atenas Editora, São Paulo, 1937.
Foto 1: http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire
Foto 2 : http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702010000300002&script=sci_arttext
Foto 3 : http://www.midiaindependente.org/pt/red/2005/07/321897