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Pansophia

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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sobre a Alma - Demócrito


por Osvaldo Duarte

atomos eafericos
Todo Ser é constituído por elementos primeiros indivisíveis - os átomos, esses  são por sua vez, elementos infinitos com formas infinitas e estão em eterno movimento no vazio infinito, ora agregando-se (geração), ora desagregando-se (destruição). Os átomos são substâncias tão pequenas que escapam aos nossos sentidos, mas quando agregam-se entre si, produzem todas as coisas que existem, as quais vemos e percebemos com os demais sentidos. Considerado como uma concepção monista, Alma e corpo tornam-se uma unidade indissolúvel enquanto homem, e não como dicotomia, isto é, como o corpo sendo apenas o receptáculo, prisão da Alma.
Platão nos diz através de Timeu: “que de todos os seres é a alma o único capaz de adquirir inteligência; mas a alma é invisível. (...) O amante da inteligência e do conhecimento deve necessariamente procurar primeiro as causas que pertencem à natureza inteligente (...)”.
Sendo a alma como um princípio dos animais, seu conhecimento está entre as coisas mais belas e, por isso mesmo, que filósofos antes mesmo de Aristóteles se preocuparam com semelhante questão.
Demócrito foi um desses filósofos que explicaram a Alma (Psychê):
“... Demócrito declara que a alma é algo quente ou uma espécie de fogo, pois, havendo infinitos átomos e formatos diz que os de forma esférica são fogo e alma (...)”.
“(...) os de forma esférica são alma. Sobretudo porque tais fluxos podem tudo permear e, por moverem as coisas restantes, que se movem também. Disso supõe que a alma fornece aos animais o movimento. E por isso também o que define o viver é a respiração. Pois, como o ar circundante comprime os corpos, expulsando os formatos que, por nunca repousarem, fornecem aos animais o movimento (...)”.
É bem possível que Demócrito tenha identificado a alma como átomos redondos e lisos pela grande mobilidade dos mesmos, o que os levariam a escapar do corpo com facilidade, coube à respiração a incumbência de retê-los dentro dele por meio de uma corrente de ar e de renová-los constantemente. Ao término dessa missão, os átomos dispersam-se definitivamente (morte). Dado ao calor vital dos membros superiores, e ainda, ao incessante movimento próprio à chama, é que Demócrito tenha estabelecido esses átomos com os do fogo, (Gomperz).
Devemos lembrar que para os gregos, o movimento era compreendido como parte fenômeno da vida, e não se trata aqui apenas o movimento de locomoção, mas de qualquer movimento, assim, toda ação e todo pensar é movimento.
Pelo que observa Aristóteles, para Demócrito, Alma e Intelecto são a mesma cousa, pois, pensar significa perceber as próprias sensações, numa palavra, ter a percepção do sentir, o que seria ter a consciência das mudanças do corpo:
“Leucipo e Demócrito chamas às sensações e aos pensamentos mudanças do corpo... As sensações e o pensamento nascem do chegar das imagens (eidola) do exterior, porque nem essas nem este sobrevêm a alguém sem que cheguem as imagens (Stobeu).”

Créditos/Obras consultadas:
ARISTÓTELES. De Anima. Trad. Maria C. Gomes. São Paulo: Editora 34, 2006.
CASERTANO, G., Os Pré-Socráticos. Trad. Maria da Graça G. Pina. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
GOMPERZ, T. História da Filosofia Antiga, Tomo I. Trad. Joé I. C. M. Neto. São Paulo, Ícone Editora, 2011.
HEIDEGGER, M. Platão: O Sofista. Trad. M. A. Casanova. Forense Universitária. Rio de Janeiro, 2012.
MANDOLFO, Rodolpho. O Pensamento Antigo Vol. I. São Paulo: Ed. Mestre Jou S/A,  1966.PLATÃO. Diálogos, Timeu-Crítias-O 2º Alcebíades-Hípias Menor, Trad. C. A. Nunes. Pará: Univ. Fed. do Pará, 1977