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Pansophia

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domingo, 2 de junho de 2013

Eudaimonía, a Felicidade Grega

por Osvaldo Duarte

 

 

feliz

O que entendemos hoje por felicidade (eudaimonía) é bem diverso do que os antigos gregos a entendiam como tal. Com efeito, a felicidade para nós hoje é apenas um decalque do que era a felicidade para os gregos. O conceito grego de felicidade, ao menos para os filósofos, estava ligado ao conceito de virtude ou excelência (aretê).

 

Demócrito servia-se de vários termos para designar a felicidade, sendo que para ele, felicidade era algo interno, da alma, e não se encontrava na posse de bens materiais:

 

A felicidade e a infelicidade são fenômenos psicológicos.

 

A felicidade não consiste na posse, nem de rebanhos, nem de ouro, porque a causa da felicidade reside na alma.

 

As forças físicas e as riquezas não dão a felicidade, que só é dada pelo caráter e pela sabedoria.

                                                                                                 Trad. P. Gomes

 

Para Platão, ser feliz é viver bem e ser justo.

 

Logo, a alma justa e o homem justo viverão bem, e o injusto mal.

Mas sem dúvida o que vive bem é feliz e venturoso, o que não vive bem, inversamente.

Logo, o homem justo é feliz, e o injusto é desgraçado.

Contudo, não há vantagem em ser desgraçado, mas sim em ser feliz.

                                                                                                                         Trad. M.H.R.Pereira

 

... para os deuses a vida mais agradável * é também a mais justa.

                                                                                                                              Trad. C.A.Nunes

 

 

sartre

 

Aristóteles considerava a felicidade como  excelência  da ação contemplativa.

A felicidade como fim último de todas as ações humanas, e tem como sentido “o melhor de tudo”. A felicidade é o supremo bem prático.

 

O estagirita distribui os bens em três classes, a saber:

Bens exteriores, por outro lado, os bens que dizem respeito à alma humana e, por último, os do corpo próprio.

 

Os bens que concernem à alma humana são os mais autênticos e os mais extremos. Mas a felicidade são as ações e o exercício das atividades concernentes à alma humana. Quem é feliz vive bem e age bem.

 

A felicidade é então o bem supremo, o que há de mais esplendoroso e o que dá um prazer extremo.

 

A felicidade é uma atividade de acordo com a excelência e da melhor parte do humano, essa atividade é, segundo Aristóteles, contemplativa.

 

 

Nós pensamos também que a felicidade tem de estar misturada com o prazer, porque a mais agradável de todas as atividades que se produzem de acordo com a excelência é unanimemente aclamada como a que existe de acordo com a sabedoria. Parece, então, pois que a filosofia possui a possibilidade de prazer mais maravilhosa que há em pureza e estabilidade...

 

Enquanto humanos, temos necessidades vitais, mas uma vez suprida essas  necessidades, o sábio se volta para a contemplação, o que possibilita a sua independência auto-suficiente.

 

O sábio é capaz de criar uma situação contemplativa sozinho apenas a partir de si próprio e em si próprio, e quanto mais sábio for mais facilmente o consegue fazer.

                                                                                                                      Trad. A. C. Caeiro

 

 

Léon Robin define a felicidade grega como algo parecido com a “boa sorte” atribuída por uma graça divina; há um daimon que acompanha homem grego por toda vida como guardião da sua sorte, seguindo-o até o Juízo.

Platão, na República, recupera, em parte,  este mito através de Er.

Para os gregos, a felicidade se dava numa completa realização da natureza humana. A essência da moralidade como fim último tanto na obtenção como na manutenção da felicidade.

 

 

* Agradável entenda como feliz.

 

 

Créditos

 

ARISTÓTELES, Ética a Nicómano. Trad. António de Castro Caeiro. Lisboa: Quetzal Editores, 2012.

PLATÃO. A República. Trad. Maria H. da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993.

             . Leis, vol. XII-XIII. Trad. Carlos Alberto Nunes. Pará, Universidade Federal do Pará, 1980.

ROBIN, L., A Moral Antiga. Porto: Edições Despertar, [19??]

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