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Pansophia

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domingo, 24 de junho de 2012

Do prazer e do sofrimento – Aristóteles – Séc. 384-322 a.C.

por Osvaldo Duarte

aristoteles

Para Aristóteles, a alma procura por certa disposição natural a relacionar-se com situações que a tornam melhor ou pior, sendo que as disposições éticas são dadas pelo prazer e pelo sofrimento que acompanham as nossas ações, portanto, a excelência ética constitui-se em vista do prazer e do sofrimento, sendo uma disposição intermédia entre outras duas disposições extremas, a saber, perversas e a outra segundo o defeito. E ainda, segundo o Estagirita, tendemos naturalmente mais para as coisas que nos dão prazer, o que nos leva mais facilmente à devassidão do que para o regramento. Os castigos que infligem sofrimentos são como uma espécie de curativos que podem transformar a disposição da alma.

“... como diz Platão, a fazer gosto no que deve ser e sentir desgosto, pelo que não deve ser. Essa é a educação correta. (...) o prazer e sofrimento acompanham toda a afecção e toda ação.

Há três possibilidades relativamente às quais se definem as escolhas do que devemos perseguir e do que devemos preterir e evitar. Devemos escolher o belo, o vantajoso e o agradável; devemos, por outro lado, evitar os seus contrários, isto é, o feio, o nocivo, o desagradável. (...) o homem de bem é capaz de escolher corretamente e o perverso erradamente, sobretudo a respeito do prazer: na verdade o prazer é também comum aos animais e acompanha todas as possibilidades de escolha; tanto o belo como o vantajoso parecem ser agradáveis.

Será um homem de bem quem fizer o bom uso deles; mas já quem fizer o mau uso deles será perverso”.

etica

Sendo a excelência ética uma disposição intermédia entre as disposições extremas como dissemos, não é tarefa fácil atingi-la, teremos de agir de acordo com as circunstâncias, isto é, conforme a situação apresentada; é por isso, nos diz Aristóteles, que o bem é raro, louvável e belo.

Com efeito, se encontrar o meio não é empresa fácil, pois, dos extremos, um é mais errado do que o outro, assim, deve escolher o menor dos males, i.e., dada a nossa tendência natural para as coisas diferentes o que é reconhecido a partir do prazer e do sofrimento que nos causam, amiúde, devemos examinar a que erros somos mais facilmente levados e nos esforçamos em seguir na direção contrária, procurando arrastarmos para fora do erro para chegar ao meio; assim, continua o Estagirita, temos de evitar também, o que é agradável e o prazer, porque quando o prazer está em julgamento, é difícil ser juiz imparcial. Outra dificuldade é estabelecer o limite do censurável de nossas ações, porque nenhum objeto da percepção é facilmente determinado.

Sendo o caminho do meio o mais louvável, o que temos de fazer diante das situações que se apresentam é agirmos de tal maneira a evitar os excessos, outras, o defeito: essa é a maneira mais fácil de conseguirmos atingir o meio e modo correto de agir.

Créditos

ARISTÓTELES. Ética a Nicómano. Trad. António de Castro Caeiro. Lisboa, Quetzal Editores, 2012.