Pansophia
sábado, 10 de agosto de 2013
A consciência das máquinas
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Crítica à vivissecção Parte II
por Leandro Morena
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um crítico severo na questão da prática da vivissecção. Para ele essa prática tem por objetivo causar sofrimento nos animais, pois é puramente cruel e ilógica. Schopenhauer critica os biólogos alemães de sua época, pois tratavam os animais com crueldade, com a finalidade de resolver questões de caráter inútil, questões essas, que muitas vezes a solução encontra-se nos livros; e ele ainda afirma que esses biólogos são preguiçosos por não lerem tais livros.
Na época de Schopenhauer, foi muito comum cientistas, filósofos, médicos e teólogos praticarem experiências com os animais, pois essas experiências soavam como um status, mesmo se essas teorias funestas elaboradas por eles não causassem nenhum progresso, eram aplaudidos e elogiados.
Schopenhauer cita alguns exemplos da crueldade praticada com os animais por intelectuais da época. Um dos casos de crueldade com os animais narrada por Schopenhauer foi o episódio do professor Ludwing Fick (1813-1858), que foi um professor de anatomia na Universidade de Marburg, e na sua obra “Causas das formações ósseas” de 1857, o próprio relatou que praticou a extirpação nos globos oculares de animais filhotes com a única finalidade de comprovar que a cavidade deixada por tal prática faz com que os ossos comecem crescer cobrindo essas cavidades. Noutro exemplo, do mesmo patamar do primeiro e não menos tétrico, foi a experiência absurda feita pelo barão Ernst von Bibra (1806-1878), um naturalista alemão, que afirmara, numa de suas palestras, que fez com que uma dupla de coelhos viessem a morrer de fome, e fez tal prática, apenas para concluir, simplesmente, que os componentes químicos existentes no cérebro desses animais sofreram uma modificação proporcional devido à morte pela falta de alimentação; o filósofo afirma ter sido essa uma experiência fútil e faz uma crítica severa ao barão, afirmando: para que o barão deixou os pobres animais ficarem presos e famintos para sofrer dessa maneira? O filósofo afirma que existem outros caminhos e métodos que podem ser pesquisados e não precisam sentenciar os animais à crudelíssima prática, como fez Von Bibra, que por sua vez, tem muito que ler e aprender nos livros.
Schopenhauer termina a crítica afirmando:
Ninguém que ainda não conheça nem saiba tudo o que está contido nos livros sobre a circunstancia a ser pesquisada tem o direito de praticar vivissecção!
Trad.: E. Brandão e K. Jannini
No mundo contemporâneo não mudou muito esse pensamento científico, continua-se com essa prática cruel, pois muitos cientistas afirmam que se não fossem as pesquisas da experimentação animal, não se teriam conseguido avanços contra enfermidades que acabrunham os seres humanos. Os cientistas lutam há décadas para descobrir uma cura contra muitas doenças, e muitos animais indefesos passam por sofrimentos até que cheguem a óbito, mas sabemos que muitas vezes as pesquisas são fracassadas e não chega a nenhuma conclusão positiva, sentenciando milhares de animais à morte, como se fossem objetos de descarte, sem que tenham o direito de viver.
Créditos:
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de insultar. Organização e ensaio: Franco Volpi.
Tradução: Eduardo Brandão e Karina Jannini. São Paulo, Martins Fontes, 2005.