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Pansophia

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sábado, 10 de agosto de 2013

A consciência das máquinas

por Leandro Morena
O mundo em que vivemos passa por grandes transformações, e uma delas é no campo da tecnologia. Nas últimas décadas, a tecnologia das máquinas vem crescendo, chegando num patamar espantoso de linguagens computacionais cada vez mais sofisticadas, e cada vez mais, estão fazendo parte do cotidiano das pessoas.  Hoje em dia, um aparelho pequeno pode armazenar milhares de informações, que jamais a mente humana foi capaz de guardar. Num passado não muito distante, uma fábrica de biscoitos empregava uns 200 funcionários. Hoje em dia, com a sofisticação das máquinas, essa mesma substituiu a mão de obra dos humanos pela máquina, ou seja, uma única pessoa que controla essa máquina substituiu 90% da mão de obra braçal da empresa.
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clip_image004O filósofo francês René Descartes (1596 -1650), afirmava que o corpo humano é uma máquina sofisticada, só que, diferentemente das máquinas, possui consciência, a capacidade da linguagem e de raciocinar, pois possui uma alma imortal. Vemos que essa teoria de Descartes pode-se empregá-la para os dias de hoje, pois as máquinas raciocinam, tem a capacidade da linguagem e até, no caso dos robôs, andam. Um exemplo disso é no Japão, onde existem robôs com uma tecnologia extremamente avançada onde o robô é capaz de subir e descer escadas, fazer a limpeza da casa, conversam entre outras funções.
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clip_image006O filósofo inglês John Gray (1948-   ) afirma no seu livro Cachorros de Palha, que as máquinas estão adquirindo consciência e poderão futuramente  substituir os seres humanos, pois o sofisticação da inteligência artificial está tão rápida que fará com que os humanos percam o controle sobre elas. Segundo Gray, a substituição da humanidade pelas máquinas é um fato curioso e um cenário inédito, pois o ser humano se viria empobrecido e tentará lutar por sua sobrevivência contra um inimigo que ele mesmo criou. Gray cita aqueles que têm medo de que as máquinas se tornem conscientes, e temem pelo simples fato de pensar que a consciência é a característica mais preciosa que o ser humano pode ter.  Segundo Gray, as máquinas não só adquirirão consciência, como também, tornar-se-ão seres espirituais, por uma vida interior não mais contida pelo pensamento consciente do que dos seres humanos. As máquinas adquirirão autoconsciência e com isso cometerão erros a cairão na ilusão.
                Gray afirma que com a criação de novas tecnologias, automaticamente, se criarão novas linguagens, e em consequência, fará com que as linguagens artificiais das máquinas passarão a ser linguagens naturais. Máquinas conversarão com máquinas e com o próprio humano, e será uma linguagem que ninguém compreende completamente e é uma linguagem não menos rica e confusa que a dos humanos.
                Para o filósofo esse futuro não está distante, à medida que as máquinas ficam cada vez mais sofisticadas, será maior a semelhança das máquinas com o homem, pois a consciência pode ser a característica humana que as máquinas poderão, mais facilmente, reproduzir.
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                Gray afirma que a invenção do mundo digital foi como uma extensão da consciência humana, só que transcendeu. Para Gray está nascendo uma nova selva virtual que nunca compensará a perda da selva natural que os seres humanos estão destruindo rapidamente, mas pode-se comparar a esta por ser passível de ser entendida por eles. Nas palavras de Gray, essa nova selva virtual é um caminho que leva além dos limites do mundo dos seres humanos.
clip_image009Gray cita a afirmação de Bill Joy (1954 -  ) que é um cientista da computação, um dos arquitetos dos microprocessadores:
“Agora, com a possibilidade de termos computadores no nível de humanos em cerca de trinta anos, uma nova ideia se apresenta: que posso estar trabalhando para criar ferramentas que possibilitem a construção da tecnologia capaz de substituir nossa espécie. Como me sinto a esse respeito? Muito desconfortável.”
                                                                                                    Trad. Maria Lucia de Oliveira

clip_image011Na visão de Gray conforme as máquinas vão se sofisticando, elas possuirão uma alma, e isto se deve ao fato de usar uma forma de se comunicar que antecede em muito a religião, citando a cristã. Gray cita a afirmação do filósofo e poeta espanhol George Santayana (1863-1952):
“O próprio espírito não é humano; ele pode surgir em qualquer vida; pode separar-se de qualquer provincianismo; assim como existe em  todas as nações e religiões, também pode existir em todos os animais, e não se sabe se em muitos seres nos quais nem sonhamos e no meio de quais mundos.”
Trad. Maria Lucia de Oliveira

                Na modernidade, às dificuldades oriundas da nova tecnologia, faz com que milhares de pessoas fiquem desempregadas, ocasionando uma crise mundial sem rumo, e catastroficamente sem nenhuma solução de emergência, mostrando que as próximas décadas, o número de pessoas desempregadas por causa da robotização será espantosa. 
 No dia 08 de agosto desse ano, deparei-me com a notícia que está repercutindo no mundo inteiro, sobre a crise da União Européia, crise essa que não é nenhuma novidade e o destaque dessa vez foi a Grécia que, cada vez mais, afunda-se numa crise de proporções devastadoras, e o que me chamou a atenção nessa notícia, foi o fato do número de jovens  desempregados nesse país, chegando a um número espantoso de 65% dessa faixa etária, deixando os governantes desesperados e o pior, sem nenhuma solução para resolver essa “tsunami”, digamos assim, num curto ou num longo prazo.  Frutos de um mundo cheio de tecnologias que não para de crescer.
clip_image012 A queda de braço entre máquinas e humanos está apenas começando, e se, continuarmos assim, o que podemos esperar do futuro? Até onde chegará a sofisticação das máquinas? Será que um dia a tecnologia terá de ser freada para que a humanidade não entre em colapso? A humanidade terá um futuro promissor, fantástico e fora do normal? Ou será que o futuro da humanidade vai ser um desastre?  Perguntas essas difíceis de responder e mostram-nos um futuro inserto. E deixo para vocês, caros leitores, tirarem suas próprias conclusões.

Créditos:
GRAY, John. Cachorros de Palha. Trad. Maria Lucia de Oliveira. 2ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Record,  2006.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Crítica à vivissecção Parte II

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por Leandro Morena

clip_image002O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um crítico severo na questão da prática da vivissecção. Para ele essa prática tem por objetivo causar sofrimento nos animais, pois é puramente cruel e ilógica. Schopenhauer critica os biólogos alemães de sua época, pois tratavam os animais com crueldade, com a finalidade de resolver questões de caráter inútil, questões essas, que muitas vezes a solução encontra-se nos livros; e ele ainda afirma que esses biólogos são preguiçosos por não lerem tais livros. 

 Na época de Schopenhauer, foi muito comum cientistas, filósofos, médicos e teólogos praticarem experiências com os animais, pois essas experiências soavam como um status, mesmo se essas teorias funestas elaboradas por eles não causassem nenhum progresso, eram aplaudidos e elogiados.

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            Schopenhauer cita alguns exemplos da crueldade praticada com os animais por intelectuais da época.  Um dos casos de crueldade com os animais narrada por Schopenhauer foi o episódio do professor Ludwing Fick (1813-1858), que foi um professor de anatomia na Universidade de Marburg, e na sua obra “Causas das formações ósseas” de 1857, o próprio relatou que praticou a extirpação nos globos oculares de animais filhotes com a única finalidade de comprovar que a cavidade deixada por tal prática faz com que os ossos comecem crescer cobrindo essas cavidades. Noutro exemplo, do mesmo patamar do primeiro e não menos tétrico, foi a experiência absurda feita pelo barão Ernst von Bibra (1806-1878), um naturalista alemão, que afirmara, numa de suas palestras, que fez com que uma dupla de coelhos viessem a morrer de fome, e fez tal prática, apenas para concluir, simplesmente, que os componentes químicos existentes no cérebro desses animais sofreram uma modificação proporcional devido à morte pela clip_image006falta de alimentação; o filósofo afirma ter sido essa uma experiência fútil e faz uma crítica severa ao barão, afirmando: para que o barão deixou os pobres animais ficarem presos e famintos para sofrer dessa maneira? O filósofo afirma que existem outros caminhos e métodos que podem ser pesquisados e não precisam sentenciar os animais à crudelíssima prática, como fez Von Bibra, que por sua vez, tem muito que ler e aprender nos livros.

 

Schopenhauer termina a crítica afirmando:

  Ninguém que ainda não conheça nem saiba tudo o que está contido nos livros sobre a circunstancia a ser pesquisada tem o direito de praticar vivissecção!

                                                                                 Trad.: E. Brandão e K. Jannini

No mundo contemporâneo não mudou muito esse pensamento científico, continua-se com essa prática cruel, pois muitos cientistas afirmam que se não fossem as pesquisas da experimentação animal, não se teriam conseguido avanços contra enfermidades que acabrunham os seres humanos. Os cientistas lutam há décadas para descobrir uma cura contra muitas doenças, e muitos animais indefesos passam por sofrimentos até que cheguem a óbito, mas sabemos que muitas vezes as pesquisas são fracassadas e não chega a nenhuma conclusão positiva, sentenciando milhares de animais à morte, como se fossem objetos de descarte, sem que tenham o direito de viver.

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Créditos:

SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de insultar. Organização e ensaio: Franco Volpi.

Tradução: Eduardo Brandão e Karina Jannini. São Paulo, Martins Fontes, 2005.