Pansophia

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Jeremy Bentham : O princípio da Utilidade
sábado, 22 de novembro de 2014
O pensamento Pitagórico: Metempsicose ou Transmigração das almas
por Leandro Morena
Um dos pontos centrais do pensamento de Pitágoras (571 a.C.- 496 a.C.) é a teoria da Metempsicose (Μετεμψύχωσις) ou da transmigração das almas. Essa teoria consiste em afirmar que a alma é imortal e quando a pessoa morre a alma, logicamente, deixa o corpo, e, em conseqüência disso, transmigra para outro corpo, e assim, sucessivamente. Se alma atingir à purificação, conseguirá, no sentido ontológico, o auge da libertação, caso contrário, terá que transmigrar até conseguí-la. Esse processo repetir-se-á por várias vezes e a alma do individuo vai transmigrar passando por todas as criaturas do mar e da terra até chegar novamente no homem. Esse “circulo vicioso”, digamos assim, vai passar do corpo do homem e voltará ao próprio homem.
A ideia da transmigração das almas já existia no Orfismo (Ὀρφικά), uma religião primitiva da Grécia, por volta do século V a.C., que afirmava que as almas humanas são divinas e imortais e com isso, tinham que transmigrarem, e passariam uma vida penosa para adquirir à purificação. Para conseguir à libertação da alma, ter-se-ia que prestar culto ao deus Dionísio (deus da libertação), conseguindo isso, a alma voltava à sua pátria celeste, às estrelas. Isso mostra-nos que o homem é ao mesmo tempo divino e imortal. A teoria da metempsicose fora aceita por Pitágoras que, inseriu-a em seu pensamento, mas o filósofo transformou-a de tal maneira, que mudou a crença de libertação da alma prestando culto a Dionísio, pela matemática, ou seja, passou de um esforço subjetivo e demasiadamente humano, para uma purificação que tende de um trabalho intelectual, e com isso, vai descobrir-se a estrutura numérica das coisas, ou seja, a alma torna-se semelhante ao cosmo (κόσμος), cosmo aqui compreendido como unidade harmônica.
Alguns historiógrafos afirmam que Pitágoras e seus discípulos eram vegetarianos, alimentavam-se de favas e alguns vegetais; outros, por sua vez, afirmam que os pitagóricos alimentavam-se de apenas um tipo de carne, a suína, mas há controvérsias quanto a isso.
Conta-se que Pitágoras estava caminhando quando se deparou com um cachorro que estava sendo chibatado por um homem. Logo que viu essa cena, Pitágoras repreendeu o homem explicando que o mesmo não podia agredir o animal, simplesmente, pelo fato que se tratava de um amigo do filósofo, amigo esse de uma vida passada. Pitágoras afirmou que reconheceu o amigo pelo som do latido, e que no presente momento estava habitando a forma desse animal. Aqui podemos perceber que a preocupação do filósofo ao ver o cachorro sendo chibatado foi de que uma alma humana habitava aquele corpo. Isso nos remete ao julgamento da importância que o homem adquiriu perante as outras espécies. Nisso chego à conclusão de que a opção de Pitágoras por ser vegetariano e a preocupação dele com o cão, além de ser uma crença a ser seguida, são que as almas humanas habitam corpos de animais; a preocupação em si é o que há de humano. O raciocínio lógico do pensamento pitagórico nessa questão está calcado com base na premissa: alma humana habita um corpo de outra espécie, então, não se pode fazê-los mal, pois são demasiados humanos. E se fossem almas de animais? Certamente não haveria problema em consumi-los, maltratá-los e matá-los? Embora o homem, no pensamento grego antigo, faça parte da Physis, aqui, começou-se a aflorar o fortalecimento do homem como o ser elementar, e não superior, como os medievais o farão, da natureza. O pensamento pitagórico influenciará filósofos posteriores, citando o filósofo Platão (428 a.C.-348 a.C.), pois esse dará continuidade nesse conceito da transmigração das almas, e isso fica evidente na obra: Timeu, ver o artigo nesse blog: O pensamento Platônico acerca da Transmigração das almas.
Créditos/Obras consultadas:
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento Antigo. Trad. Lívio Teixeira. Ed. Mestre Jou, São Paulo, 1964.
SANTOS, José Trindade. Antes de Sócrates. Gradiva, Lisboa, 1992.
BARNES, Jonathan. Filósofos Pré-Socráticos. Trad. Julio Fischer. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2003.
Pré-Socráticos.Os Pensadores.Traduções:José Cavalcante de Souza e outros. Edi. Abril, São Paulo, 1978.
Dicionário de Mitologia Greco-Romana (2º ed.). Editor: Victor Civita. Abril Cultural, São Paulo, 1976.
VERNANT, J. P. Mito e Religião na Grécia Antiga. Trad.: Joana A. D’avila Melo. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2012.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Morre o filósofo e matemático Patrick Suppes (1922-2014)
Morreu no último dia 17 de novembro o filósofo e matemático estadunidense Patrick Suppes. Nasceu na cidade de Tulsa situada no estado americano de Oklahoma. Formou-se em filosofia e matemática nas Universidades de Oklahoma e de Chicago, tornando-se professor de teoria da ciência da Universidade de Stanford em 1950, conquistando o título de professor emérito. Suppes contribuiu na filosofia da ciência do século XX e da probabilidade teórica do empirismo. Suas pesquisas foram calcadas sobre os fundamentos da probabilidade , psicologia da aprendizagem, da pedagogia experimental e da mecânica quântica que lhe rendeu vários prêmios internacionais de reconhecimento. Foi membro da Academia Nacional de Ciências e foi presidente da Academia Nacional de Educação. No ano de 1990 recebeu do presidente dos Estados Unidos a Medalha Nacional de Ciência. No ano de 1999 foi condecorado com um diploma honorário da Universidade de Bolonha. Em 2004 ganhou o prêmio Lauener. Embora Suppes não seja muito conhecido no Brasil, mundialmente é muito reconhecido. Esteve no Brasil, em Florianópolis para um evento em sua homenagem, pois o filósofo conhecia e acompanhava a produção de filósofos, matemáticos e físicos brasileiros.
Algumas das principais obras de Suppes:
· Fundamentos de Medição em três volumes, 1971-1990;
· Metafísica Probabilística;
· "A linguagem para os seres humanos e robôs";
· Uma Abordagem Bayesiana da Racionalidade.
Fonte:
Guidasicilia
Blog Adonai Sant’Anna
sábado, 15 de novembro de 2014
Morre o filósofo Leandro Konder (1936-2014)
por Leandro Morena
Morreu no último dia 12 o filósofo Leandro Konder. Konder nasceu em Petrópolis, formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano de 1984 tornou-se doutor em Filosofia pela UFRJ. Konder exerceu a profissão de advogado criminalista e depois de advogado trabalhista. Com o regime militar instaurado em 1964, Konder foi demitido dos sindicatos em que trabalhava. No ano de 1972, foi forçado a deixar o Brasil, foi para a Alemanha e lá trabalhou na Universidade de Bonn, e depois foi morar na França. Atuou como professor na Universidade Federal Fluminense e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Como filósofo, tornou-se um dos maiores especialistas em Karl Marx (1818-1883) e foi grande divulgador do pensamento do filósofo húngaro György Lukács (1885-1971). Retornou ao Brasil no ano de 1978. Em 1984 foi professor no Departamento de História da UFF, cargo que ficou até o ano de 1997. Desde 1985 lecionava no Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Konder sofria de Mal de Parkinson há mais de dez anos. Para quem quer mergulhar no universo marxista, Konder é a melhor referência. O pensamento filosófico brasileiro sofre uma perda irreparável com a morte de Konder.
Algumas obras de Konder:
O que é dialética;
Flora Tristan;
Marx, vida e obra;
As Idéias Socialistas no Brasil;
Memórias de um intelectual comunista;
Walter Benjamin – O marxismo da melancolia;
O futuro da filosofia da práxis.
Fonte:
Folha UOL
G1
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
O pensamento Platônico acerca da Transmigração das almas
domingo, 19 de outubro de 2014
Giovanni Reale (1931-2014)
por Leandro Morena
O mundo filosófico perdeu, no último dia 15 de outubro, o filósofo, historiador, tradutor, escritor e professor italiano Giovanni Reale. Reale nasceu na região da Lombardia, Itália, em 1931, e tornou-se doutor em Filosofia pela Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão, e foi nessa universidade que ficou como professor emérito. O filósofo tornou-se referência mundial por ter se aprimorado no pensamento grego antigo, principalmente numa nova interpretação do filósofo grego Platão, tornando-se num dos maiores especialistas desse filósofo. Reale criou o Centro Internacional de Pesquisas sobre Platão e as raízes platônicas do pensamento da civilização ocidental. Destaca-se também pela tradução da obra de Aristóteles, discípulo de Platão, Metafísica e diversos livros da História da Filosofia da antiguidade a contemporaneidade.
Algumas obras de Reale traduzidas para a língua portuguesa:
· História da filosofia grega e romana I - Pré-Socráticos e Orfismo
· História da filosofia grega e romana II - Sofistas, Sócrates e socráticos menores
· História da filosofia grega e romana III - Platão
· História da filosofia grega e romana IV - Aristóteles
· História da filosofia grega e romana V - Filosofias helenísticas e epicurismo
· História da filosofia grega e romana VI - Estoicismo, ceticismo e ecletismo
· História da filosofia grega e romana VII - Renascimento do platonismo e do pitagorismo
· História da filosofia grega e romana VIII - Plotino e neoplatonismo
· Metafísica de Aristóteles, volumes 1, 2 e3
· História da filosofia 7 volumes
Geovanni Reale, com seus 83 anos completos em 15 de abril, seguia na ativa. Um dos seus últimos trabalhos, juntamente com Dario Antiseri, é que estava terminando a correção: o manual de "Cem Anos de Filosofia. De Nietzsche aos Nossos Dias", com previsão de publicação para janeiro de 2015 e com tradução para o espanhol, português, romeno e croata.
A contribuição de Reale para a filosofia é infinita, pois deixará uma vasta obra intelectual importante para as próximas gerações de pensadores.
Com sua morte Reale eternizou-se na história da humanidade.
Fonte:
UOL Notícias
Paulus Editora
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Sobre a Alma - Demócrito
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Frege e o nascimento de uma nova lógica
por Leandro Morena
Gottlob Frege (1848-1925) nasceu na cidade de Wismar, Alemanha. O seu trabalho foi voltado para a filosofia da matemática e lógica. Destacou-se como o criador da lógica matemática.
O projeto de Frege consistiu na redução da aritmética à lógica e poderia ser criado em dois objetivos: Primeiro visa definir toda expressão aritmética em termos lógicos com a finalidade de mostrar que toda e qualquer expressão aritmética vai significar o mesmo que uma expressão lógica determinada. Já o segundo objetivo vai depender dos resultados obtidos pelo anterior, se o resultado for positivo, vai mostrar que a proposições lógicas obtidas podem ser deduzidas das leis lógicas imediatamente evidentes.
Para o cumprimento desses objetivos, Frege vai mostrar que a lógica clássica está duplamente insuficiente, pois, em primeiro lugar, ela está incompleta, ou seja, as relações e propriedades aritméticas seriam relações e propriedades lógicas muito mais complexas do que as que a lógica clássica foi capaz de representar. Já a segunda deficiência da lógica clássica é o fato dela de não ser suficientemente formalizada, e com isso ela agrega o contágio da imprecisão da linguagem comum. Com essas deficiências afirmadas por Frege, fez com que ele elaborasse uma nova lógica.
Na obra Conceitografia (publicada em 1879), Frege vai criar uma linguagem formular de pensamento puro, que vai ser imitada na linguagem aritmética. Essa nova lógica vai ser comportada por, uma nova definição de conceito, que conduzirá numa nova maneira de analisar proposições, à ampliação das possibilidades de expressão de propriedades e relações lógicas, e em conseqüência disso, a ampliação das possibilidades de definição de propriedades e relações em geral. Na elaboração da nova lógica, o filósofo inseriu parte da matemática que conhecemos como Teoria dos Conjuntos.
Essa nova lógica vai expressar-se através de uma linguagem simbólica artificial, pois a linguagem comum que a lógica clássica utiliza-se é indevida para explicar com precisão propriedades e relações lógicas, em virtude de sua gramática não se orientar por necessidades humanas citando o exemplo da estética. Uma dedução em linguagem comum inclui lacunas e premissas subentendidas que visam dificultar a importância das conclusões logicamente legítimas. Como afirma Luís Henrique, a conceitografia de Frege, vai ao contrário, pois contém um conjunto bem determinado de regras, dedução e de axiomas lógicos, supostamente claros. Por isso a conceitografia torna-se gramaticalmente impossível construir deduções ilegítimas e toda a ilegitimidade pode ser facilmente verificada com uma precisão segura, visto que, à medida que o conjunto de passagens permitidas é pequeno e as regras que comandam são formais. Com o resultado disso, a dedução torna-se um cálculo, uma série de operações sobre símbolos. Vai ser importante frisar que para Frege, isso é apenas uma solução útil e acidental. Segundo Luís Henrique, para Frege, os sinais de conceitografia têm significado e o conjunto de axiomas e regras é estabelecido de acordo com esse significado. Ocorre apenas que se pode operar com os símbolos como se fossem vazios, graças ao artifício da formalização.
Mas, se a progressão lógica se disser de outro modo, tornar-se-á fequentemente necessário exprimi-la por palavras. Faltam, pois à linguagem de fórmulas de aritmética, expressões para conexões lógicas, e por isso ela não merece o nome de conceitografia em sentido pleno.
Tradução: Luís Henrique dos Santos
Mas a pergunta que fica é quais são as vantagens da lógica do Filósofo Frege comparada à lógica clássica? Segundo Luís Henrique são duas as vantagens da lógica de Frege: a ampliação de seu campo e a formalização. A primeira é fundamental, pois sem a nova teoria do conceito e a incorporação da teoria dos conjuntos, sem esses dois elementos primordiais, jamais seria possível reduzir a aritmética à lógica. No caso da formalização, não pode dizer o mesmo, pois não é indispensável à construção de uma linguagem artificial, bastaria usar a linguagem comum com algumas correções e acrescentamentos que ajuntassem as vantagens da conceitografia. O objetivo de Frege foi à ampliação da lógica, visto que a formalização tornara as coisas mais simples.
CRÉDITOS:
FREGE, Gottlob. Os Pensadores.Tradução: Luís Henrique dos Santos. Editora Abril, São Paulo, 1983.