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Pansophia

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sábado, 28 de abril de 2012

Hermotimo - Luciano (125-191)

por Osvaldo Duarte

luciano

Luciano nasceu no ano  125 em Samósata, cidade ao norte da Síria, morrendo por volta do ano 191. De família não abastada, seu primeiro ofício foi de aprendiz de escultor na oficina de seu tio, sendo que  após um desentendimento, abandona o ofício e vai estudar.

Aos 25 anos de idade, passa a exercer a advocacia em Antioquia, viajando e proferindo palestras na Ásia Menor, Grécia, Macedônia, Itália, entre outros lugares.

Na obra que ora apresentamos fragmentos: Hermotimo ou as Escolas Filosóficas, Luciano assume a postura cética, insurgindo-se contra o dogmatismo, atacando com certa ironia o estoicismo como também, a própria filosofia.

Neste diálogo, Licino convence o estoico Hermotimo a aceitar o ceticismo, mas sem antes provocar-lhe um sentimento de náuseas:

Oxalá eu pudesse vomitar essas tretas que lhes ouvi!”

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Hermotimo“também ouvia toda a gente dizer que os epicuristas eram sensuais e voluptuosos, que os peripatéticos eram ávidos de riquezas e quezilentos, que os platônicos eram orgulhosos e vaidosos, ao passo que, a respeito dos estoicos, a maioria das pessoas afirmava que eram corajosos, que sabiam tudo, e que só o homem que seguisse por tal caminho seria rei, só era rico, só esse era sábio e reunia em si todas as virtudes”.

Licino – “Já alguma vez encontraste um estoico, ou um epicurista (...), que não divergisse no que toca aos princípios ou aos fins?”

“... estando nós a investigar quais é que falam a verdade em matéria de filosofia, tu antecipaste-te e atribuíste esse [privilégio] aos estoicos, dizendo que foram eles quem determinou que duas vezes dois são quatro - (...). De facto, os epicuristas ou os platônicos diriam que eles é que chegaram a esse resultado ...”

“Quero dizer-te que não é coisa minha, mas de um dos sábios; trata-se do “sê prudente e céptico”. Realmente, se não acreditarmos facilmente no que formos ouvindo, mas antes nos comportarmos como os juízes, isto é, dando também a palavra aos que vierem a seguir, talvez consigamos escapar dos [vários labirintos]”.

“Portanto, também tu (...) farias bem melhor em decidir-se viver, daqui para o futuro, uma vida como a de toda a gente: serás um cidadão como os demais, não porás esperanças em coisas bizarras e estúpidas, nem (se fores sensato) te envergonharás pelo facto de, já velho, mudares de opinião e te passares para a coisa melhor.”

“(...) todos os filósofos propuseram saber em que consiste a felicidade, e cada um diz sua coisa: um afirma que consiste no prazer, outro na beleza, outro noutra coisa qualquer.”

Licino, com vários argumentos que apontam para a mesma direção, faz com que Hermotimo seja convertido ao ceticismo. Assim, o recém -convertido, termina o diálogo:

“... ao caminhar na rua, topar com um filósofo, desviar-me-ei, evitá-lo-ei como um cão danado.”

 

Hermotimo significa “honrado por Hermes”

Créditos

LUCIANO, Hermotimo ou as Escolas Filosóficas.Trad.Custódio Magueijo. Lisboa, Editorial Inquérito, 1986.

domingo, 22 de abril de 2012

TRABALHO – Catão– Séc. III-II a.C.

 

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“É que a vida humana é quase como ferro: se se exercitar, gasta-se; se não se exercitar, a ferrugem aniquila-o. Assim vemos os homens desgastarem-se na sua actividade, mas, se não tiverem actividade nenhuma, a inércia  e a torpeza causam mais prejuízos do que o exercício”.

“Sem fazer nada, os homens aprendem a fazer mal”.

Trad. Maria H. R. Pereira

Créditos

PEREIRA, Maria Helena da Rocha. Romana Antologia da Cultura Latina. Coimbra, Univ. de. Coimbra, 2000.

domingo, 15 de abril de 2012

As Doutrinas Secretas – Pico Della Miràndola – (1463-1494)

 

por Osvaldo Duarte

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Giovanni Pico nasceu na Itália em 1463, morrendo ainda jovem em 1494 com apenas 31 anos de idade. Filho de família abastada, estudou nos melhores centros de cultura erudita. Pico falava várias línguas – latina, grega, árabe, hebraico e o caldeu, além do francês.

Omitimos aqui os seus comentários sobre as doutrinas religiosas e, apresentamos tão-somente, excertos sobre as doutrinas filosóficas.

Portanto, manter essas coisas distantes do vulgo, com a obrigação de revelá-las aos perfeitos, pois entre eles é que a sabedoria. (...) Praxe essa acatada, com rigor, pelos antigos filósofos. Pitágoras quase nada escreveu a não ser umas poucas linhas que, ao morrer, confiou na sua filha Damo. Já as efígies esculpidas, nos templos egípcios, advertiam o seguinte: que os dogmas egípcios fossem custodiados pelas chaves dos enigmas, ficando assim invioláveis para a multidão dos profanos. Platão escrevendo a Dionísio sobre os modos supremos de ser, dizia: “Por enigmas tenho que me expressar a fim de que, caso essa correspondência caia em mãos estranhas não seja entendida por outros quanto te escrevo”. Aristóteles, a respeito dos livros de metafísica, nos quais trata de assuntos ultraterrestres, afirma haver os editados e os fora de edição.

(...) lembro ter Giamblico Calcídeo escrito que Pitágoras apreciava a tal ponto a teologia órfica que dela fez o modelo para plasmar a sua própria filosofia.

Em decorrência disso, as sentenças de Pitágoras passam a ser chamadas de sacras na medida em que são derivadas de esquemas órficos. Daí, qual fonte originária, emanou a doutrina oculta dos números e tudo mais que de grandioso e sublime apresentou a filosofia grega. Segundo o costume dos antigos gregos, também Orfeu revestiu seus mistérios dogmáticos com o invólucro das fábulas e ocultou-os no aparato poético de sorte a dar ao leitor a impressão de que seus livros nada mais eram do que meras fábulas e nugas engenhosas.

Faço tal menção para que conheça o trabalho dificultoso em extrair desses artifícios enigmáticos, verdadeiros esconderijos, em formato de apólogos, o sentido latente daquela filosofia hermética. Ainda mais quando nessa tarefa tão árdua, recôndita e inexplorada, não se dispõe da ajuda bibliografia ou de recurso por parte dos intérpretes.

Créditos

MIRANDOLA, Pico Della. A Dignidade do Homem. São Paulo, Editora Escala,????.