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Pansophia

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sábado, 26 de maio de 2012

O sono de um sábio – Epimênides – Séc. VII a.C.

por Osvaldo Duarte

Epimenides1

Epimênides o sábio, é uma personagem um tanto curiosa, nasceu em Cnossos no séc. VII, usava cabelos longos, o que era estranho aos costumes local. Certa feita, seu pai mandou-o ao campo em busca de uma ovelha desgarrada, mas desviando-se do caminho foi dormir em uma caverna onde teria ficado adormecido durante 57 anos. Ao despertar do longo sono, saiu em busca da ovelha, pois acreditava que estivera dormindo por pouco tempo. Epimênides viveu 157 anos; sua obra ao que tudo indica, foi escrita em versos com conteúdo cosmogônico, mitológico e político. O velho sábio é considerado também profeta, um purificador de almas, sua adivinhação não era tanto desvendar o futuro, mas descobrir no passado os erros que afetavam o presente.

(...) disse Epimênides cretense: de fato, ele vaticinava não acerca do futuro, mas sim acerca das coisas já acontecidas, mas obscuras.

Para Casertano, Epimênides é figura de transição entre a cultura sapiencial e a nova cultura filosófica, isto é, figura que se interpõe entre a fase mítica e a fase filosófica da cultura grega. Seu longo sono é relacionado à letargia, uma prática para obter sonhos divinatórios, quer seja dos mortos como também  dos deuses, ao acordar, o escolhido é capaz de revelar fatos passados ou futuros.

Quando uma terrível peste abateu Atenas, nosso sábio foi chamado para purificá-la, o que para Casertano fora por motivo político dada às reformas implementadas por Sólon, sendo que na época era comum mesclar política e religião.

Epimenides

 

Segundo a tradição, Epimênides recebeu das ninfas um alimento mágico que conservava num casco de boi, desde então, nunca fora visto comendo, portanto, nunca defecava. Outros diziam que ele recebera de Hesíodo algumas sementes que tinha o poder de matar a fome.

Contra o mito

há um mito segundo o qual águias e cisnes, levados das extremidades da terra ao centro dela, para ali desciam, para Delfos, até o chamado “umbigo da terra”. Em seguida Epimênides de Festos, ao investigar/refutar o mito junto do oráculo do deus, e recebendo uma resposta obscura e ambígua, assim escreveu: “Nem na terra nem no mar há no meio um umbigo; e mesmo que haja é evidente aos deuses, mas está escondido aos mortais”.

O paradoxo do mentiroso

“Se tu afirmas mentir e dizes que isso é verdade, mentes ou dizes a verdade?”

Créditos

CASERTANO, Giovanni. Os Pré-Socráticos. Trad. Maria da Graça Gomes de Pina. São Paulo, Edições Loyola, 2009.

CORNFORD, F.M.. Principium Sapientiae. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1952.

LAÊRTIOS, D.. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução: Mário da Gama Kury. Brasília, Editora da UnB, 2008.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Homem como Medida - PROTÁGORAS (Séc. V a.C.)

por Osvaldo Duarte

 

protagoras[1]

O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto existem, e das que não são, enquanto não existem.

Trad. M.H.R.P

O frg. I Diels-Kranz é peça fulcral para a compreensão do pensamento do sofista de Abdera. Com efeito, a hermenêutica tem se mostrado abundante, haja vista as inúmeras bibliografias consagradas ao tema. M.J. V. PINTO apresenta o que seria o consenso quanto ao conteúdo doutrinal do fragmento:

“Cada homem é medida da realidade das coisas (objetos, fatos, sentimentos, etc.) tal como se lhes apresentam, e daí resulta que todas as suas representações são igualmente verdadeiras enquanto se baseiam na captação imediata das aparências”.

“(...) o homem é “medida” das coisas com as quais se relaciona de forma imediata através da percepção fenomênica, sem que se possa separar “pensamento” e “sensação”. (...) o que se discute não é propriamente a existência ou não existência das coisas, mas sim o modo como se relacionam com o homem...”.

 

Alguns comentários:

 

Hérmias – Escárnio dos filósofos pagãos

Mas aí está agora Protágoras, puxando-me para outro lado, quando diz: “O limite e o critério das coisas é o homem; o que lhe cai sob os sentidos são coisas, e o que não cai não se encontra entre as espécies de essência”.

Sexto Empírico – Contra os Matemáticos

Alguns incluíram também Protágoras de Abdera no grupo dos filósofos que aboliram o critério, porque afirma que todas as aparências e todas as opiniões são verdadeiras e que a verdade é algo de relativo, pois que tudo o que é aparência ou opinião para um indivíduo existe desde logo para ele.

 

Créditos

PINTO, Maria José Vaz. A Doutrina do Logos na Sofística, Lisboa, Edições Colibri, 2000.

PEREIRA, Maria H. R. Hélade Antologia da Cultura Grega, Lisboa: Guimarães Editores SA, 2009.

PADRES APOLOGISTAS, Tr. I. Storniolo e E. M. Blancin. Patrística, São Paulo, Paulus, 2005.

SOFISTAS. Testemunhos e Fragmentos. Tradução: Ana Alexandre Alves de Sousa e Maria José Vaz Pinto. Lisboa, INCM, 2005.