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Pansophia

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domingo, 29 de julho de 2012

Prazer e Dor, O Fio de Ouro - Platão – 427-347 a.C.

por Osvaldo Duarte
Há uma lenda de que poucos haviam lido integralmente a mais extensa e inacabada obra de Platão, as Leis. Esta obra foi escrita provavelmente entre 360 e 347, ano da morte do autor, por isso mesmo inacabada. Sócrates não participa do texto Leis, que é uma conversa travada entre o ateniense e seus companheiros de viagem, cretense e lacedemônio.
 
prazer e dor
Prazer e dor
Segundo Platão, todo homem abriga dentro de si dois conselheiros insensatos e antagônicos, o prazer e a dor, juntando a estes tem a opinião sobre os casos futuros a qual chamamos de expectativa que, quando da possibilidade de dor denominamos medo, ou o seu contrário prazer, confiança. Sobre estas paixões preside a razão que tem por finalidade pronunciar-se acerca do que tem de boa ou de má, cuja conclusão é a lei, quando se torna decreto comum da cidade. É na infância que o prazer e a dor surgem como primeiras percepções, sendo por seu intermédio que se apresentam inicialmente ao espírito como verdade ou vício; cabe à educação preparar cidadãos virtuosos, capazes de comandar e de obedecer.
Quando o prazer e a amizade, a tristeza e o ódio se geram diretamente em almas ainda incapazes de compreender a sua verdadeira natureza, com o advento da razão põem-se em harmonia com ela, graças aos bons hábitos adquiridos. É nesse acordo que consiste a virtude.
(...) os prazeres e as dores se harmonizam com o raciocínio justo e lhe obedecem.
marionete
O fio de ouro
(...) imaginemos que cada um de nós, como seres vivos, não passe de um boneco nas mãos dos deuses, que talvez nos tenham formado por divertimento, ou mesmo com intenção séria, o que escapa à nossa compreensão. Uma coisa, porém, sabemos com segurança: que no nosso íntimo as referidas paixões se agitam à maneira de nervos ou fios, que puxam em sentido contrário, compelindo-nos por isso mesmo, à prática de ações opostas, na linha limítrofe do vício de da virtude. Manda-nos a razão só ceder à tração de um desses fios, sem nunca abandoná-lo, e resistir aos outros. É o fio sagrado e de ouro da razão, que denominamos lei comum da cidade. Os demais fios são de ferro, são duros; este é maleável, porque de ouro, ao passo que os outros se parecem com as mais diferentes substâncias. É preciso que todos cooperem sempre no sentido da mais bela direção, a da lei.
 
Créditos
PLATÃO. Leis, vol. XII-XIII. Trad. Carlos Alberto Nunes. Pará: Universidade Federal do Pará, 1980.

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