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Pansophia

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O filósofo Peter Singer e a crítica ao abate animal


clip_image002[5]O filósofo australiano Peter Singer (1946-    ) mostrou ao mundo, em 1975 com o lançamento da obra Libertação Animal, o sofrimento que os animais passam quando vão para o abate, o que ocorre desde o nascimento até a morte. Singer afirma que o abate causa muito sofrimento aos animais, pois ele explica que os animais são dotados de consciência e sensibilidade e por este motivo devem ser tratados com o mesmo respeito dado aos seres humanos. Singer afirma que a dor e o sofrimento são maus em si mesmo, tem-se que evitá-los, minimizar o máximo, independente da raça, do sexo, ou da espécie do ser que é submetido ao sofrimento.
Nessa questão polêmica do tratamento dado aos animais, ele afirma que devemos aplicar o princípio da igualdade de consideração de interesses, isto é, que interesses iguais devem ser tratados de formas iguais, ou seja, o interesse de um animal pela sua vida deve ser considerado na mesma medida que o interesse de um ser humano pela sua vida. Segundo Singer, muitas das atrocidades cometidas aos animais poderiam ser evitadas se o homem tivesse consciência de que os animais têm sentimentos e sofrem qualquer dor que lhes é causada. A proposta de Singer é acabar com a visão especista que afirma: os animais servem somente para saciar a vontade dos humanos.

O filósofo explica que as pessoas dos grandes centros urbanos têm o seu primeiro contato com os animais na hora da refeição, isto é, quando vamos ao mercado e compramos uma peça contendo pedaços de carne, nem pensamos que aqueles pedaços que estão embalados são de um animal, e agimos como se isso fosse a mesma coisa que comprar um pacote de biscoitos ou de balas.
Singer faz uma critica severa do modo como os animais criados para o abate são submetidos a condições cruéis de confinamento pelo qual eles nem podem se mover, muitas vezes vive até o fim  com luzes artificiais e mesmo em locais sem luz alguma; eles não podem nem andar ou se movimentar, e muitas vezes ocorrem muitas doenças em que o animal morre antes de ser abatido e muitas vezes a epidemia é tão grande que vários morrem; famílias separadas, no caso dos bezerros tirados de suas mães logo nos primeiros dias do nascimento; existem relatos da prática de canibalismo entre as galinhas que vivem em gaiolas tão apertadas que nem sequer se mexem. Em suma, os animais criados nessas “fazendas industriais”, termo este usado por Singer, são privados de liberdade, sobrevivem apenas alimentando-se e dormindo, sem o direito a uma vida plena.

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O pensamento central da filosofia singeriana está embasado de que os animais que são criados para abate devem ser criados em fazendas (como antigamente), ao céu aberto, com seus filhotes, ciscando, banhando-se a luz do sol, sentido a chuva, correndo, ou seja, vivendo uma vida plena, e na hora do abate, o animal não deve perceber e nem sofrer nenhum tipo de dor, a morte gerada tem que ser indolor.

Ver o nosso artigo: Abate Humanitário.


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Singer não critica as pessoas que consomem carne, mas sim o método como os animais são expostos antes do abatimento; infelizmente muitas vezes na hora do abate, são sacrificados de maneira inaceitável por empresas que utilizam métodos de abate arcaico e muitas delas clandestinas. Singer é fervoroso ao afirmar que os animais sentem dor e sofrem, pois possuem sistema nervoso muito semelhante aos nossos. Um exemplo disso é o cérebro do golfinho que tem características anatômicas muito parecidas com o cérebro da espécie humana.
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Singer continua questionando: se os animais não sentem dor, por que eles teriam órgãos internos muito semelhantes aos nossos? Se covardemente, puxamos a orelha de uma criança com força certamente ela sentirá dor, e consequentemente, chorará; ao puxarmos com força a orelha de um cachorro, ele dará um grito! Isso é a forma mais simplória de mostrar que os animais sentem dor.

Veja o nosso artigo: David Hume e a tese de que os animais são dotados de sensações.

Muito se diz que a criação de animais que vão para o abate deve-se ao argumento que no mundo existam muitos seres humanos passando fome, e a criação intensiva e sem freio de animais destinados ao abate é um fato e precisa ser feito, mas Singer explica que nos países africanos, onde centenas de pessoas morrem por ano de fome, exportam toneladas de grãos para os países do primeiro mundo, esses grãos são destinados para a alimentação dos animais que vão ser abatidos. Se os produtores de grãos destinassem esses alimentos para o consumo da população humana, o resultado seria muito positivo, isto é, o déficit mundial de alimentos desapareceria. Isso evitaria a fome em vários países onde a população vive abaixo da linha da miséria, e, evitaria o sofrimento de milhares de animais que passam por grandes constrangimentos desde a hora que nascem até a hora do abate.
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Créditos:
FELIPE, Sônia T. Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas. Santa Catarina, Editora EDUFSC, 2007.
SINGER, Peter. Libertação Animal. Tradução: Marly Winckler. São Paulo, Editora Lugano, 2008.
SINGER, Peter. Ética Prática. Tradução: Jefferson Luiz Camargo.São Paulo, Editora Martins Fontes, 2006.

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