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Pansophia

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terça-feira, 13 de março de 2012

Ferecides de Siros (séc. VI a.C.)

por Osvaldo Duarte

Ferecides, mitógrafo e teogonista, nasceu em Siros por volta do séc. VI a.C., foi contemporâneo de Tales, atingiu o seu acme em 544-1 a.C.. Sua vida, assim como a vida de Pitágoras, foi repleta de fatos extraordinários e prodígios, desde naufrágio de navios até terremotos:
“Certa vez ele passeava pela praia em Samos e viu uma nau avançando a favor do vento, e predisse que dentro de não muito tempo ela afundaria; a nau soçobrou diante dos seus olhos. Tirando água de um poço e bebendo-a, o filósofo prognosticou que no terceiro dia a contar daquele haveria um terremoto, e isso realmente aconteceu. Vindo de Olímpia para Messene, ele aconselhou Perílaos, seu anfitrião, a mudar-se com todos os seus parentes; Perílaos, todavia, não se deixou persuadir, e Messene foi capturada pouco tempo depois”.
Alguns autores afirmam que Ferecides foi mestre de Pitágoras e, sendo ele autodidata,  aprendeu através dos livros secretos dos Fenícios.
Obras de Ferecides
Ferecides foi o primeiro a escrever sobre a natureza e da origem dos deuses e o primeiro livro em prosa. Não obstante, sua obra sobreviveu ao incêndio da Biblioteca de Alexandria – 47 a.C.. É Interessante notar os quatro elementos nos fragmentos abaixo:
“Zeus, Cronos e Ctônia sempre existiram; Ctônia recebeu o nome de Gé (Terra), porque Zeus a distinguiu com honrarias (geras)”.
“Zás existiu sempre, assim como Chronos e Ctónia, os três primeiros princípios... e que Chronos fez do seu próprio sémen o fogo e o vento [ou hálito, sopro] e a água... a partir dos quais, após terem sido dispostos em cinco recessos, se formaram numerosos outros descendentes dos deuses, que são chamados “dos cinco recessos”, o que é talvez o mesmo que dizer dos cinco mundos”.
Mas considera obra do Sírio, e Zás e Ctónia e Eros entre eles, e o nascimento de Ofioneu e a batalha dos deuses e a árvore e a veste.
Ferecides que viveu muito antes de Heráclito, criou o mito dos dois exércitos que estavam alinhados frente a frente, e deu Cronos como chefe um, e Ofioneu do outro, e descreveu os reptos e os combates e o acordo que eles fizeram entre si, que dos dois exércitos, aqueles que caíssem em Ogenos, esses seriam os vencidos, ao passo que aqueles que os tivesses expulsado e ficado vencedores, possuiriam o céu.
Cornford faz o seguinte comentário sobre esta passagem:
“Esta história volta a aparecer em Apolónio de Rodes, a seguir uma cosmogonia órfica. Ofioneu e Eurínome, filha do Oceano, detinham o Olimpo. Ofioneu foi forçado a dar seu lugar a Cronos e Eurínome o dela a Reia, e ambos caíram nas ondas do oceano. Cronos e Reia governaram os abençoados deuses Titãs quando Zeus ainda era uma criança na caverna de Dicteia, antes dos Ciclopes lhe terem dado o raio e o relâmpago”.
Conservou-se também seu relógio solar na ilha de Siros.
Excerto da carta a Tales.
Ferecides a Tales
“Desejo-te uma boa morte quando chegar a hora fatal. Estou doente desde que recebi a tua carta. Os piolhos infestaram-me e padeço de acessos de febres violenta. Dei portanto instruções a meus familiares para te levarem meus escritos após o meu sepultamento. Se aprovares junto com os outros sábios, manda publicá-los. Em caso contrário, não, pois eu mesmo não estou satisfeito com ele. Os fatos não estão perfeitamente corretos, nem tenho a pretensão de conhecer a verdade, mas somente as coisas que alguém percebe especulando sobre os deuses. O resto deve ser intuído, pois faço alusão a tudo por meio de enigmas”.
Para a sua morte, também existem várias versões, a saber:
Que indo a Delfos, ele se lançou do alto do monte Côricos. Outra versão é que ele morreu de morte natural sendo enterrado por Pitágoras em Delos. Existe também a versão de que Ferecides morreu de ftiríase, e ainda, a versão de que ele foi enterrado em Magnesia.

Créditos

CORNFORD, F.M.. Principium Sapientiae. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1952.
KIRK, G. S e RAVEN, J. E. Os Filósofos Pré-socráticos. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.
LAÊRTIOS, D.. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres.  Tradução: Mário da Gama Kury. Brasília, Editora da UnB, 2008.

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