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Pansophia

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terça-feira, 12 de maio de 2020

Crítica Merleau-Pontiana ao Pensamento Clássico

por Leandro Morena 


No final do ano de 1948, na Rádio Nacional Francesa, o filósofo francês  Merleau-Ponty (1908-1961) faz uma conferência discorrendo por vários temas. O tema que será abordado aqui é: Animalidade.                             

No tema animalidade, o filósofo chama a atenção para o processo antagônico  entre os pensamentos Clássico e o Contemporâneo. Segundo Merleau-Ponty, reaprendermos ver o mundo atual de outra maneira do qual a sociedade desviou-se no passado. Ele afirma que aquele mundo do Pensamento Clássico em que o homem (sadio e perfeito) foi posto como o exemplo unanime de perfeição, mostra-nos que na filosofia e na arte contemporânea começou-se dar mais ênfase para as outras classes deixadas de lado durante os séculos. A crítica merleau-pontiana afirma que essas classes referem-se ao animal, a criança, ao doente/louco e ao primitivo/selvagem. Caro leitor, eu peço à liberdade, e ao mesmo tempo, atrevo-me colocar mais duas classes não citadas por Merleau-Ponty, não para expor que ele não colocara por esquecer-se ou por não acreditar, mas pelo fato do presente artigo não esquecer de que essas duas categorias não passem despercebidas, e ao mesmo tempo, complementar o meu pensamento no artigo. A meu ver, as outras duas categorias são: a mulher e as pessoas com deficiências anômalas.

Antes de continuar com a crítica de Merleau-Ponty, discorremos um pouco na historicidade para observar como a figura do homem (sadio e perfeito) chegara ao ápice. 

 

Na teogonia hesiódica, na Grécia Antiga , Zeus era considerado o deus dos deuses.

“...um palácio com um impiedoso coração, o troante Treme-terra e o sábio Zeus, pai dos deuses e do homem sob cujo trovão  até a ampla terra se abala.” 

                                                                                                                                                                      Nessa época, a figura masculina tivera um endeusamento, fortalecendo-a como a figura principal. 

 

No livro da gênesis Deus fez o homem do pó/argila, depois com o sopro fez os animais  e da costela do homem fez-se a mulher, ou seja, com o resto da figura do sexo masculino fê-la a do feminino. O homem fora feito à imagem e a semelhança do Criador, induzindo-nos a crer que a figura do Criador é do sexo masculino. A figura masculina é alcunhada de Adão e do feminino de Eva. Considerados os primeiros humanos criados por Deus. Ao depararam-se com a árvore que continha o fruto proibido, este proibido pela divindade suprema que o ingerisse, diz a lenda que Eva ao deparar-se com uma serpente, esta o mal encarnado, enrolada sobre a árvore. A serpente começou tentar  Eva para que desobedecesse Deus e ingerisse o fruto; e foi o que aconteceu; além disso ela ofereceu o fruto a Adão que o ingeriu também. Dar-se-ia o pecado original. O sexo feminino não foi forte o suficiente para negar o fruto, desobedeceu, pecou e foi castigado. Eva foi precursora de que a figura feminina sofresse por todas as gerações futuras. Ao ter filhos, a mulher sofreria sempre com dores no parto. Já o sexo masculino tentou ser forte, mas fora ludibriado por Eva, entende-se que ele não foi o gerador do pecado original colocando a mulher como figura fraca e com a culpabilidade. Adão foi castigado e culpou Eva e a serpente por isso. Aqui fica bem evidente que houve um reducionismo na figura feminina e na figura do animal perante o homem.

Com o advento do cristianismo, tornando-se a religião oficial do Império Romano, o filósofo Santo Agostinho (354-430), no livro “A cidade de Deus contra os Pagãos”, desenvolve toda uma tese de que o Deus Cristão é Uno e Verdadeiro, enquanto que os deuses pagãos eram falsos e demônios.  Ele reinterpretou o pensamento platônico e agregou-o na doutrina cristã. A filosofia de Platão (428 a.C.- 347 a.C.) foi o sustentáculo e o alicerce para que o cristianismo tornar-se-ia forte e difundido por toda a Europa. Fica evidente, mais uma vez, que a figura masculina foi endeusada no Cristianismo. Com outro filósofo, durante o período medieval, São Tomás de Aquino (1225-1274) grande comentador das obras do filósofo grego Aristóteles (385 a. C.- 323 a.C.), Aquino fizera agregar o pensamento aristotélico na doutrina cristã, que fora aceito de tal  maneira pela igreja, que por séculos ninguém poder-se-ia pensar ao contrário sofrendo da pena de ser condenado à morte pela “Santa” Inquisição. Lembremo-nos do caso dos filósofos italianos Giordano Bruno (1548-1600) e Galileu Galilei (1564-1642) que foram condenados por pensarem ao contrário da igreja. O primeiro condenado à fogueira e o segundo condenado a isolar-se do mundo. O pensamento aristotélico afirmara que o homem é superior a mulher, pensamento este que a igreja cristã abraçou-o fortemente.

Voltando com a crítica merleau-pontiana, este a faz com severidade ao mecanicismo cartesiano que afirmava que os homens e os animais eram apenas máquinas, os últimos desprovidos de uma alma. É muito interessante recordarmos que os animais nas culturas antigas, anterior ao cristianismo, contemplavam-nos como deuses. Já no pensamento medieval acrescentou-se um abismo entre o homem e os animais. René Descartes (1596-1650) considerado o iniciante, por alguns, do Pensamento Moderno, contribuiu para com a filosofia, para com a matemática e para com o pensamento cientificista, este inerte na Idade Média. Embora cause estranheza que o filósofo afirma que o homem-máquina possui uma alma e o animal-máquina é desprovido de tal, essa afirmação foi uma revolução naquela época. Logicamente Descartes não poderia nunca afirmar que o homem seria desprovido de uma alma, daí o pensador estaria assinando sua sentença de morte perante a Igreja. Viu-se, certamente, diante das circunstâncias tenebrosas daquela época, preferiu indagar que o homem possui uma alma, senão teria o mesmo destino dos antecessores citados acima. Hoje percebemos que o mecanicismo cartesiano na questão corpo-máquina estava certo, pois nos séculos 20 e 21 a robótica mostrou-nos isso, que o corpo é uma máquina perfeita.

Na questão da criança e do louco, o filósofo afirma que o conhecimento deles  não continha uma profundidade. Colocavam-se questões para ambos do universo do homem sadio e perfeito, ora, o que não é relacionado com o estereótipo criado pela moral religiosa, colocavam-nos como indiferentes. No primitivo/selvagem, ao invés de tentarem entender a vida que praticavam, alcunhavam-lhes seres retrocessos que praticavam coisas mórbidas e obscuras. Não tentaram olhá-los como seres que não foram corrompidos pela moral hipócrita da qual o homem civilizado e perfeito faz parte. Lembremo-nos da máxima do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que afirmara: “O homem nasce bom, e a sociedade o corrompe”. Destaco também o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) na obra: A viagem de Bougainville, ou diálogo entre A e B. Nessa obra mostra-nos um religioso indo numa tribo e conversando com o chefe dela. O religioso acredita que todos aqueles costumes não passavam de uma série de coisas obscuras e anormais, mas no momento em que o primitivo começa questioná-lo, daí inverte-se a situação. O primitivo começa achar a vida do religioso uma série de absurdos sem fundamentos. Então o pensamento clássico desviou-se desse princípio da investigação para o entendimento do homem primitivo, colocando-o numa posição inferiorizada e maléfica.

No caso da mulher, explicitei acima, compara-se ao sexo mais frágil. Na “Santa”  Inquisição o número de mulheres mortas por serem condenadas como bruxas é algo anômalo. Criou-se o estereótipo da capacidade racional da mulher ser reduzida perante o homem perfeito.

Na questão das pessoas com deficiências anômalas eram consideradas monstros. Jamais a sociedade daquela época preocupou-se prestarem-lhes uma vida digna. O final de muitas dessas pessoas foi acabar em espetáculos circenses de quinta categoria. E o público que os assistira eram os mesmos denominados “homens perfeitos” que com suas “vestimentas” de morais e perfeitos, no íntimo sofrem de psicopatias mórbidas  satisfazem-se ao deparar-se com  o sofrimento alheio.

A crítica de Merleau-Ponty expõe que o pensamento contemporâneo começou importa-se com essas categorias, abraçou-os. Observamos que a mulher vem conseguindo igualar-se ao patamar do homem, conquistara muitas coisas. Os primitivos  mostram-nos a beleza do homem “nu e cru”, digamos assim, que não largou a sua animalidade, a beleza com que vivem sem as coisas impostas pela sociedade. O mundo da criança começou-se entender mais, a mais bela fase da vida, do conhecer, do mundo das fábulas, o mais puro pensamento. A ciência trabalhando para o progresso, pela saúde, as anomalias são e hão de serem evitadas. E a psicologia e psiquiatria separando os vários níveis dos transtornos mentais, ajudando essas pessoas e inserindo-as, muitas vezes, novamente no convívio social. No caso dos animais  criaram-se leis e direitos que os protegem, as pesquisas que abordam a inteligência animal mostram grandes avanços.

Há mais de 70 anos Merleu-Ponty fez essa conferência que parece tê-la feita ontem, pois é tão atual. Desde aquela época muita coisa mudou, muitas conquistas aconteceram, mas a pergunta que eu faço é: Esse pensamento clássico ainda persiste nos dias atuais?

Caro leitor, mais uma vez peço a licença e desculpe-me por respondê-la. Resposta: Sim!

Esse pensamento ainda é vivo nos dias atuais.

Vemos o feminicídio, o sexismo, o machismo, o especismo, o xenofobismo e etc em alta. O homem perfeito, sadio ainda está no topo da pirâmide. Peguemos exemplos de comentários dos jornalistas na TV ou em outros meios de comunicação e até comentários das pessoas. Quando um homem comete um ou vários atos errôneos, um crime hediondo é comum ouvirmos certas expressões:

- Isso não é um homem, é um animal ou um animal selvagem!

- Isso não é um homem, é um selvagem!

- Isso não é um homem, é um doente mental, ou um retardado, ou um louco!

- Esse homem é um covarde, é uma mulherzinha!

- Como esse homem fez isso, ele tem uma mentalidade de criança, ou ele é um moleque.

Percebemos nessas expressões que nunca o culpado é chamado de um homem. Criam-se nomenclaturas para mostrar-nos  que o homem que cometeu erros não é um homem e sim tem a deficiência de ser um animal, um primitivo, um louco, uma criança ou uma mulher, por isso cometeu o erro, ou seja, para que o homem perfeito, sadio e civilizado não saia do ápice da pirâmide, colocando culpabilidade nas outras classes . Muitas vezes observamos que esses   homens que cometem tais crimes, são fisicamente sadios, tem um núcleo de amizades, conviviam bem na  sociedade antes do crime. Logicamente detentores de uma psicopatia, mas diferente do louco que está retido no seu mundo, os psicopatas são inteligentes e conseguem ludibriar as vítimas. Vemo-los como homens sadios-perfeitos-civilizados antes do ato.

A pergunta final que faço e cabe cada um respondê-la  é a seguinte:

Será que um dia o homem-sadio-perfeito-civilizado sairá do topo da pirâmide?

Um dia irá igualar-se às outras classes ou ter-se-á uma classe que vai para o ápice da pirâmide?

 

 




Leituras/Créditos


HESÍODO. Teogonia, a origem dos deuses. Estudos e Tradução: Jaa Torrano. São Paulo, Ed. Iluminuras, 2012.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Conversas-1948. Traducão: Fábio Landa e Eva Landa. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 2004.
COTTINGHAM, John. Dicionário Descartes. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1995.


terça-feira, 5 de maio de 2020

Pós-pandemia – uma possibilidade de mudança.

por Leandro Morena

“O segredo da mudança é concentrar toda a sua energia, não na luta contra o velho, mas na 
construção do novo”.
                                                                                                  Sócrates
  


Os seres humanos acham-se capazes de tudo, endeusaram-se a ponto de acreditarem que poderão, um dia, vencer a morte. O egocentrismo, o individualismo, o consumismo desenfreado, a promiscuidade, as atrocidades para com os outros da mesma espécie, ou com a natureza animal e vegetal, a corrupção na política, a degradação da vida humana e o fanatismo religioso são algumas ações que observamos no nosso cotidiano. Muitas pessoas estão afirmando que pós-pandemia haver-se-ão grandes mudanças na forma de agir e de pensar da sociedade humana. Alegam esses, que o mundo em que vivíamos não será mais igual. Agora, a dúvida que fica é se realmente a sociedade humana vai esforçar-se para uma mudança? Vale lembrar que no final dos anos 90 do século 21 essa discussão ficou em pauta. Muitos alegavam que a humanidade caminharia para uma nova fase em que aconteceriam grandes mudanças no pensamento e nas ações de cada nação, a fome mundial seria reprimida, ter-se-ia mais tolerância entre os povos, respeitar-se-iam a opção sexual, religiosa e política de cada indivíduo, o respeito à natureza seriam uma condição  obrigatória para o planeta e muitas outras coisas, ou seja, seria algo de imaginável.  Na primeira década do século 21, observamos o crescimento desenfreado do terrorismo, do fanatismo religioso expandindo-se, o xenofobismo, o racismo, o especismo, o sexismo, o machismo, o homofobismo, o feminicídio, as guerras, a fome, a corrupção e etc.  Na segunda década do século 21 continuou-se isso, houve um retrocesso na política mundial onde políticos com pensamentos retrógrados elegeram-se. O que houve de mudanças para o lado positivo? Infelizmente os que alegavam isso erraram. Voltando à questão da mudança depois da pandemia, não se pode ficar eufórico que as  tais mudanças positivas hão de vir. Sem dúvida alguns milhões de seres humanos relutarão pela mesmice da vida anterior à pandemia.
 Outro fato que merece destaque é a alegação das teorias conspiratórias. Existem relatos que afirmam que a China fabricou o vírus para beneficiar-se mundialmente, outros, por sua vez, afirmam que isso é combinado com os governantes para a diminuição da população mundial. O vírus que está aí jamais seria criado em laboratório como alguns estão alegando, pois o ser humano, por mais que use sua inteligência, por mais que tenha um QI amplamente desenvolvido, não teria a capacidade científica para desenvolver um vírus desse tipo que aí está. Esse vírus adapta-se facilmente ao ambiente, atacando  pessoas que passam a ser assintomáticas, ou seja, tem o vírus mas não sentem-se mal e espalham-no  para outros sem que percebam; noutros atacam as vias respiratórias prejudicando os pulmões, noutros os rins, noutros o sistema nervoso; uns recuperam-se mais rápidos, outros mais lentamente, outros vão a óbito. Cada caso é um caso, por isso que está difícil de reprimi-lo. Esse vírus não faz distinção de raça, cor, sexo, ideologia política e religiosa, níveis sociais. O mesmo teve a capacidade de colocar a humanidade numa quarentena radical, de interferir na economia mundial, de interferir no cancelamento de milhares de eventos. Essa condição atípica fez com que refletíssemos mais,  mostrando-nos as famílias reunidas em casa novamente, onde pais e filhos poderão entrelaçar-se, a volta da solidariedade para com os outros. Em alguns países notam-se a queda brusca da poluição do ar e da poluição sonora, as pessoas revendo conceitos. Israelenses e Palestinos deixaram seus problemas de conflito de lado e ajuntaram-se no combate ao vírus, coisa que as grandes potências não conseguiram fazê-los unirem-se. Hoje as pessoas com o poder aquisitivo alto não conseguem fugir desse vírus, pois o mesmo está em todos os lugares. Atores, jogadores, cantores, empresários entre outros, dar-se-ão conta que a ausência do público que os idolatra é um fator importante, eles terão dificuldades, naufragarão juntos com a crise e com os pobres, pois muitos desses citados, não generalizando, são arrogantes com os fãs que lhe dão fama ou empregados que lhe dão a riqueza, acham-se entidades divinas. Realmente esperemos que uma grande mudança aconteça, embora, eu tenha relatado acima o que foi dito no passado por muitos e não foi concretizado. A pergunta que fica é se realmente haverá mudanças? E se houver mudanças serão para um progresso ou para um retrocesso?
Por décadas grandes potências mundiais colocaram medo e insegurança no planeta. Na guerra fria ameaçavam-se detonar ogivas nucleares ou usar armas químicas e diálogo ríspido para alavancar uma guerra. Em particular, os Estados Unidos colecionam esse “bate boca” e muitas vezes não ficou só no campo verbal, infelizmente. Os estadunidenses sempre passaram uma imagem mundial de invencíveis, intocáveis, semideuses, através de seus governantes ou do próprio cinema, mostram-nos que é uma potência poderosa, com grande poderio bélico que pode acabar com o mundo em cinco minutos, um poderio logístico e inteligentíssimo. A justiça estadunidense, desembargadores, juízes, policiais são sinônimos de super-heróis indestrutíveis e assim por diante. Os Estados Unidos e as grandes potências bélicas esqueceram-se de que existe um inimigo frio, calculista e invisível. O vírus da Covid-19 na verdade  é um “soldado”, que com sua pequenez, mostra-se que pode agir e ser um “gigante” devastador que pode acabar com a sociedade humana em questões de meses. O vírus espalhou-se pelo mundo. Os Estados Unidos investiram milhões de dólares no combate ao terrorismo e no combate à imigração ilegal e o vírus chegou lá. Derrubou fronteiras, espalhou-se, atrapalhou a economia estadunidense e mundial, atrapalhou a reeleição do presidente em exercício, e infectou quase dois milhões de estadunidenses e levou, infelizmente, à morte de quase setenta mil pessoas. Caro leitor, eu quero que fique bem nítido que a minha pretensão aqui não é ficar satisfeito com o caos que está sendo gerado nos Estados Unidos e no mundo, mas sim um alerta para mostrar que perante a natureza os seres humanos são frágeis. Os pensadores da Grécia antiga colocaram-nos na Physis (Φύσις), isto é, fazemos parte da natureza. Não há povo melhor que o outro povo, somos todos iguais. Existe sim a desigualdade gerada por políticas tirânicas, desinteressadas e corruptas.  
Percebemos que com a quarentena expandindo-se muitos não aguentam mais, e por isso seria de bom grado que nesse período catastrófico refletíssemos e começássemos elaborar nossas dúvidas e opiniões e com isso “caíssemos” na maiêutica socrática que é justamente expor nossas dúvidas e ao mesmo tempo elaborar nossas ideias e expondo-as na situação em que hoje vivemos, usamo-la para hoje e para sempre. O grande filósofo grego Sócrates (469 a.C.-399 a.C.), há mais de dois mil e quatrocentos anos, ensinou-nos essa arte maravilhosa. Então filosofemos durante a quarentena. Como dizia o filósofo francês René Descartes (1596-1650): “Eu penso, logo existo”. Hoje em dia as pessoas não pensam e apenas existem. Usemos o método dialético sem refutar o outro e que haja um consenso, um debate sadio sem que coloquemos a nossa verdade como absoluta.
Por fim, o que foi citado no começo do texto, de que haverá uma melhora na sociedade humana, esperemos o resultado. E que um dia, as pessoas da nova geração, que hão de vir, ao folhearem um livro de história e ao deparar-se com o capítulo da Covid-19, possam observar que naquele período de incertezas, sofrimento e óbitos houve um lado positivo, de que pós-pandemia a sociedade humana tenha melhorado em muitos aspectos e que acontecera um progresso e que esses mesmos que estão lendo sejam o fruto desse progresso.
O blog Pansophia dá os sinceros sentimentos para todas as pessoas que perderam seus entes queridos nessa trágica, catastrófica e tétrica pandemia.

domingo, 3 de maio de 2020

In Memoriam -2019

por Leandro Morena

                                             
Joan Callahan
(1946-2019)
Filósofa Estadunidense

Algumas obras:
·         Stop the Nightmares of Trauma: Thought Field Therapy (TFT), the Power Therapy for the 21st Century-2000;
·         Den Spuk beenden: Klopfakupressur bei posttraumatischem Stress -2001.

Francisco Miró Quesada Cantuarias
(1918-2019)
Filósofo e Matemático Peruano

Algumas obras:
·         Sentido del movimiento fenomenológico, 1940;
·         El problema de la libertad y la ciencia com Oscar Miró Quesada, 1943;
·         Lógica, 1946;
·         Iniciación lógica, 1958;
·         Apuntes para una teoría de la razón, 1963;
·         Humanismo y revolución, 1969;
·         Despertar y proyecto del filosofar latinoamericano, 1974;
·         Proyecto y realización del filosofar latinoamericano, 1981;
·         Ensayos de filosofía del derecho, 1986.


                                       
Ágnes Heller
(1929 - 2019)
Filósofa Húngara
Algumas obras:

·        A crise dos paradigmas em Ciências Sociais e os desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999;
·        Políticas de la postmodernidad: ensayos de crítica cultural, tradução: Montserrat Gurguí, Barcelona: ediciones Península, 1989;
·        Teoria de los Sentimientos. México: Fontamara, 1987;
·         A Philosophy of Morals. Oxford, Boston: Basil Blackwell, 1990;
·         An Ethics of Personality. Cambridge: Basil Blackwell, 1996;
·        O Cotidiano e a História. Tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

                                

Michel Serres
(1930- 2019)
Filósofo Francês

Algumas obras:

·          Hermès II, l'interférence (Hermes II, a interferência), Editions de Minuit, Paris,1972; 
·          Hermès III, la traduction, (Hermes III, a tradução),Editions de Minuit, Paris,1974;
·          Auguste Comte. Leçons de philosophie positive(en collaboration), (Auguste Comte. Lições de filosofia positiva) (em colaboração), tome I, Hermann,1975;
·           Esthétiques sur Carpaccio(Estética acerca de Carpaccio), Hermann, 1975;
·         Le système de Leibniz et ses modèles mathématiques ( O sistema de Leibniz e seus modelos matemáticos), Presses universitaires de France, rééd. 1982;
·           Éloge de la philosophie en langue française (Elogio da filosofia de língua francesa), Fayard, Paris,1995;
·          : Écrivains, savants et philosophes font le tour du monde (Escritores, sábios e filósofos dão a volta no mundo) », Le Pommier, coll. « Les Essais », Paris, 2009.



                                          

Jean Vanier
(1928- 2019)
Filósofo e Humanitário Canadense

Algumas obras:
·         Community & growth-1979;
·         Treasures of the Heart: Daily Readings with Jean Vanier, 1989;
·         The Heart of L'Arche: A Spirituality for Every Day, 1995;
·         Befriending the Stranger,2005.


                   

Hélène Védrine
(1926-2019)
Filósofa Francesa

Algumas obras:
·         La conception de la nature chez Giordano Bruno. Paris:Vrin 1967. 2éd 1999.
·         Les philosophies de la Renaissance, Paris:PUF, 1971;
·         Machiavel. Paris:Seghers, 1972;
·         Les philosophies de l’histoire. Crise ou déclin. Paris:Payot 1974;
·         Philosophie et magie à la Renaissance . Paris;Le Livre de Poche, 1996;
·         Le sujet éclaté. Paris:Le Livre de Poche, 2000.

In Memoriam - 2018

por Leandro Morena


                                        

Fabien Eboussi Boulaga
 (1934 - 2018)
Filósofo Camaronês
Algumas obras:
·         Christianisme sans fétiche, Présence africaine, Paris, 1981;
·         A contretemps, L’enjeu de Dieu en Afrique, Karthala, Paris 1992;
·         Les conférences nationales en Afrique, Une affaire à suivre, Karthala, Paris, 1993;
·         La démocratie de transit au Cameroun, L'Harmattan, Paris, 1997.


                               


Neagu Djuvara
(1916- 2018 )
Filósofo, Ensaísta e Historiador Romeno
Algumas obras:
·         Civilisations et lois historiques: Essai d'étude comparée des civilisationsa-1975;
·         Le Pays roumain entre Orient et Occident : Les Principautés danubiennes au début du XIXe siècle-1989;
·         A Concise History of Romanians -1999;

                                             

Domenico Losurdo
 (1941- 2018)
Filósofo Italiano
Algumas obras:
·         Hegel, Marx e a Tradição Liberal. Editora Unesp, 1998;
·         Democracia ou bonapartismo. Editora Unesp, 2004;
·         Fuga da História?. Editora Revan, 2004;
·         Liberalismo. Entre civilização e barbárie. Editora Anita Garibaldi, 2006;
·         Antonio Gramsci - Do Liberalismo ao Comunismo Crítico. Editora Revan, 2006;
·         Nietzsche - O Rebelde Aristocrata. Editora Revan, 2009;
·         A Linguagem do Império. Editora Boitempo, 2010;
·         A Não Violência - Uma história fora do mito. Editora Revan, 2012;
·         O pecado original do século XX. Editora Anita Garibaldi, 2013.


                                               


Mary Midgley
(1919- 2018)
Filósofa Inglesa
Algumas obras:
·         Beast and Man: The Roots of Human Nature. Routledge, 1978
·         Heart and Mind: The Varieties of Moral Experience. Routledge, 1981;
·         Animals and Why They Matter: A Journey Around the Species Barrier. University of Georgia Press, 1983;
·         Wickedness: A Philosophical Essay. Routledge, 1984;



                                   




Stanley Cavell
(1926- 2018 )
Filósofo Estadunidense
Algumas Obras:
·         Must We Mean What We Say? 1969;
·         The Senses of Walden (1972) Expanded edition San Francisco: North Point Press, 1981;
·         The World Viewed: Reflections on the Ontology of Film (1971); 2nd enlarged edn. (1979);
·         Themes Out of School: Effects and Causes-1984.


                                

Mario Perniola
(1941-2018)
Filósofo Italiano

Algumas obras:
·         Estética e política, trad. e prefácio António Guerreiro, Lisboa, Sagres Europa, 1991;
·         Guerra virtual, guerra real, Lisboa, Passagens, 1991;
·         Do sentir, trad. António Guerreiro, Lisboa, Editorial Presença, 1993;
·         Enigmas. O momento egípcio na sociedade e na arte, trad. Catia Benedetti, Lisboa, Bertrand Editora, 1994;
·         A estética do século XX, trad. Teresa Nunes Cardoso, Lisboa, Editorial Estampa 1998;
·         Pensando o Ritual. Sexualidade, Morte, Mundo, trad. Maria do Rosário Toschi, São Paulo, Studio Nobel ,2000;
·         Enigmas. O momento egípcio na sociedade e na arte, trad. Carolina Pizzolo Torquato, prefácio à edição brasileira de Susana Scramin, Chapecò, Argos, 2009.



Paul Virilio
(1932-2018)
Filósofo Francês

Algumas obras:
·         A arte do motor. Estação Liberdade, 1996;
·         A bomba informática. Estação Liberdade, 1999;
·         Estratégia da decepção. Estação Liberdade, 2000;
·         Guerra e Cinema. Boitempo, 2005;
·         Estética da desaparição. Contraponto, 2015.






                                                                   
Albrecht Wellmer
(1933-2018)
Filósofo Alemão

Algumas obras: 
·         Critical theory of society-1971;
·         Sobre La Dialectica de Modernidad y Posmodernidad (Sobre la dialéctica de modernidad y postmodernidad: la crítica de la razón después de Adorno)-1985;
·         Etica y diálogo: elementos del juicio moral en Kant y en la ética del discurso-1986;
·         Finales de partida: la modernidad irreconciliable-1996.