por Osvaldo Duarte
O que nos mantêm unidos e a primeira lei divina.
O Homem após ter vindo à luz, já em posse do lote divino, isto é, da sabedoria e da arte de trabalhar com o fogo, devido à sua afinidade com os deuses, foi o único dentre os animais a levantar altares e fabricar imagens deles. Não demorou muito para que pudessem emitir sons e articular palavras, fazer casas, vestes, calçados, leitos, a procurar na terra os alimentos necessários à sua sobrevivência. Assim providos, viviam dispersos; não havia ainda cidades, e, por este motivo, eram mortos pelos animais selvagens, pois, eram inferiores em condições físicas em relação a estes. As artes mecânicas lhe asseguravam a sua subsistência, porém, não serviam na sua luta contra os demais animais, pois, carecia ainda da arte política e, conseqüentemente, da arte da guerra. Para conseguirem sobreviver fundaram cidades, mas com isso, causavam-lhes danos recíprocos, assim, voltavam a dispersar-se sendo destruídos como antes.
Zeus, preocupado com a geração dos homens, chamou Hermes e ordenou que levasse aos homens o PUDOR E A JUSTIÇA, como princípio ordenador das cidades e laço de aproximação entre os homens. Hermes, diante de tal incumbência, perguntou a Zeus qual seria o critério de distribuição: Distribuí-los-ei como foram distribuídas as demais artes? Pois, estas foram repartidas da seguinte maneira: um só homem com conhecimento da medicina é útil para muitos que a ignoram, assim verifica-se com as demais artes.
Devo proceder da mesma forma ou repartir igualmente o pudor e a justiça entre os homens? Disse-lhe Zeus: Repartirás igualmente para que todos participem deles, pois, se o pudor e a justiça forem privilégios de alguns, de poucos, como se dá com as demais artes, as cidades não subsistirão. Estabeleça também, a seguinte Lei: Que todo
homem incapaz de pudor de justiça sofrerá pena capital, sendo considerado flagelo da sociedade.
Por este motivo é que todos, inclusive os atenienses, quando se trata de problemas relativos à arte da construção, ou de qualquer outra profissão, poucos podem participar das suas deliberações, não tolerando opinião de estranhos a esse pequeno grupo. Quando, porém, vão deliberar sobre a virtude política, admitem todos os cidadãos, por ser necessidade que todos participem dessa virtude, sem qual nenhuma cidade poderá subsistir.
Referências Bibliográficas
PLATÃO. Diálogos, tradução Carlos Alberto Nunes, São Paulo, Edições Melhoramento, 1970.
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