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Pansophia

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Laços sociais

por Leandro Morena


Mary Midgley (1919- ) nasceu na Inglaterra, é uma filósofa moral, e uma das causas em que se dedica é a questão dos animais. Em sua obra Animals and Why They Matter, ela vai afirmar que os seres humanos possuem um laço social muito forte com os seus semelhantes, ou seja, isso é que gera a conduta do ser humano em se preocupar mais com o outro ser humano do que com as outras espécies. Para a filósofa, esses laços sociais se justificam moralmente nas ações em que o homem pratica para com as outras espécies. Isso nos mostra o porquê o homem é tão cruel com os animais.
Midgley também defende que a importância moral da família cria maior preocupação dos laços, para isso ela cria os “Círculos do ‘eu’ central” que mostra o que estiver mais próximo do “eu” é que gera maior preocupação, à medida que o que estiver mais distante do “eu” central vai gerar menos preocupação. Na figura abaixo esse argumento de Midgley fica mais claro:
Observamos no círculo que mesmo outros seres humanos como colegas, tribos ou raças geram menos preocupação, pois estão mais distantes do “eu” central.
Pode-se criar um argumento contra essa tese da Midgley. Alguém pode afirmar que esse argumento não se aplica para uma pessoa que defenda aos animais? Elas quebram esse círculo? Eu acredito que as pessoas que adotam a causa animal também não quebrarão esse círculo. Vamos criar uma situação ilusória: imaginem uma pessoa que defenda os animais e que está num navio com a sua família e com outras pessoas (como colegas de trabalho e pessoas que ele nem conhece). A bordo do navio estão animais que foram apreendidos por maus tratos, e o ativista vai levá-los para uma entidade que cuide desses animais. Suponhamos que o navio, por um acidente, sofra uma perfuração no casco e comece a afundar rapidamente. O que o ativista faria? Com certeza ele iria preocupar-se primeiro com a sua família e tentaria de todas as maneiras salvá-los. Suponhamos o mesmo exemplo, só que a diferença é que o ativista está no navio sem a sua família, nesse caso, ele primeiro tentaria salvar os seus amigos mais próximos, se não estivessem seus amigos, ele tentaria salvar os seus colegas. Usando o mesmo exemplo, só que agora o ativista está no navio e encontra-se com pessoas estranhas, pessoas estas que ele nunca as viu na vida. Acontecendo que o navio vai afundar, o ativista tentaria salvar essas pessoas que ele nunca se quer conversou. Em todos os exemplos acima, dificilmente o ativista pensaria em salvar primeiramente os animais que estão a bordo do navio, só os salvaria se naquele navio estivesse somente os animais e ele. Criei esse exemplo para mostrar que a tese de Midgley tem um fundamento sólido, pois mostra a preocupação do homem com os da sua, digamos assim, cria.  Por isso, fica difícil uma pessoa quebrar esses “laços” ou quebrar esse círculo do “eu” central.

Créditos:
FEIJÓ, Anamaria. Utilização de animais na investigação e docência, EDIPUCRS, Porto Alegre, 2005;
 MIDGLEY, Mary. Animals and why They Matter. Athens, University of Georgia Press, 1984;
Foto da Midgley: http://pos-darwinista.blogspot.com/2010/10/mary-midgley-contra-adoracao-do.html

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