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Pansophia

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domingo, 9 de dezembro de 2012

Montaigne contra a crueldade para com os animais

por Leandro Morena

clip_image002O filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592) mostrou-se preocupado com a questão do sofrimento animal, em uma época que estava consolidada a ideia da superioridade do homem perante toda a natureza.
clip_image004 Montaigne rompeu com esse pensamento especista, pensamento este que estava enraizado nas “veias” da filosofia antiga e medieval. Numa determinada passagem da sua obra Ensaios, o filósofo afirmou ser contra o sofrimento animal. Segundo ele, nunca pôde ver uma caça a um animal, pois acreditava ser isso um ato de maldade, pois o indefeso animal não tem como se defender do caçador, e o mesmo fica encurralado e não tem para onde fugir e, esse animal caçado, além de esgotado pela tentativa de fuga, fica com os olhos cheios de lágrimas como se estivesse “pedindo” clemência ao seu “carrasco”. Para Montaigne, ao invés das pessoas ficarem alegres em ver os animais soltos brincarem, elas preferiam vê-los capturados e lutando até a morte.
O pensador afirma com toda a convicção que as pessoas que cometem crueldades com os animais estão mais propensas cometê-las com o próprio ser humano. O pensador cita os espetáculos carniceiros que aconteciam em Roma, lugar este onde foi muito comum a matança de animais. Depois que o povo romano acostumou-se com esse tipo de espetáculo cuja natureza é demasiada crudelíssima, esses espetáculos passariam para lutas de homens e gladiadores.
clip_image006E temos muitos exemplos do mundo contemporâneo que mostram que os espetáculos de crueldade contra os animais causam grande euforia no publico, citando os mais conhecidos: as touradas, a farra do boi, a briga de galos e cachorros e a caça esportiva.
Infelizmente, o pensamento de Montaigne nessa questão não surtiu efeito. Com o advento do mecanicismo cartesiano que viria fundamentar-se na filosofia moderna e colocara em ascensão a experimentação animal, ideologia essa de caráter reducionista especista, fez com que se diminuísse mais ainda a preocupação para com os animais, colocando-os como máquinas frias, que não pensam, não sofrem dor e não são dignas de compaixão.

Créditos
Montaigne, Michel. Ensaios. Os Pensadores. 2.ed. Tradução: Sérgio Milliet. São Paulo, Abril Cultural, 1980.
Foto Montaigne: http://filosofia-j23.blogspot.com.br/2012/07/filosofia-para-o-dia-dia-montaigne-e.html
Foto tourada: http://no220.wordpress.com/2011/09/23

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